Juros devem aumentar, mas crédito vai continuar em expansão, avalia especialista

02/01/2008 - 23h32

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A decisãodo governo federal de aumentar em 0,38% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não deve afetar a expansão docrédito, nem o consumo. A avaliação é dovice-presidente da Associação Nacional dos Executivosde Finanças, Administração e Contabilidade,Andrew Storfer.

Segundoele, os brasileiros não costumam prestar atençãono quanto pagam de juros ao fazer um empréstimo, por isso, ascompras parceladas devem continuar.“O brasileiro olha o que estácabendo no bolos, quanto é a prestação, quanto éa parcela daquele empréstimo, sem se preocupar muito com comoela é composta e quanto está pagando de juros ou detaxas envolvidas nesta operação. Então, esseacréscimo vai passar quase que desapercebido”, afirma. MasStorfer recomenda que, quem puder, faça suas compras àvista, pois o custo dos juros deve aumentar. “A recomendaçãobásica é: se puder, compre à vista, negocie, masnão use empréstimos ou créditos principalmenteaqueles que são muito caros como o cheque especial ou o cartãode crédito.”Outradica é economizar para comprar à vista. “Por exemplo,aquelas operações em que alguém faz um crediárioou um empréstimo de seis parcelas, se ele puder passar esseperíodo sem aquele bem, pode ter certeza de que ele vaicomprar por um valor muito mais barato que usando o crédito.”Emrelação ao aumento da Contribuição Socialsobre Lucro Líquido (CSLL) para o setor financeiro, Storferdiz que os bancos devem repassar o custo extra aos correntistas.“Osbancos constituem um mercado que não é regulado, nãoexiste um limite para os juros, para as tarifas que sãocobradas. Então, os bancos vão olhar esse aumento decusto ou diminuição do lucro final e vãorepassar isso de alguma forma. Ou através de um spread[diferença entre a taxa paga pelos bancos e a que eles cobrampara repassar o empréstimo] nos juros ou em tarifas eserviços. Quem paga no final da história é ocliente”, avalia Storfer.Para ele, a melhor solução para compensar a perda dearrecadação com o fim da ContribuiçãoProvisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) seria, ao invés de aumentar os impostos, diminuir os gastos dogoverno. “Qualquer família, qualquer empresa, quando tem umproblema na receita, você os gastos. O governo não fazisso”, conclui.Ontem (2), o governo anunciou um corte de gastos de R$ 20 bilhões para compensar a CPMF. Com o aumento dos IOF e do CSLL, a expectativa é arrecadar outros R$ 10 bilhões.