Incêndio que matou oito presos em Minas Gerais era previsível, avalia relator de CPI

03/01/2008 - 14h16

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O incêndio na cadeia pública do município de Rio Piracicaba (MG), que resultou na morte de oito presos, era previsível, na avaliação do relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário, deputado Domingos Dutra (PT-MA). Ele visitou hoje (3) as instalações da delegacia e constatou a existência de gambiarras e materiais inflamáveis nas celas."Era mais do que previsível. Com aquela quantidade de material, com gambiarras na parte interna, com preparo de refeições dentro das celas em fogareiros improvisados,  já era previsível que poderia haver um incêndio nas proporções do que houve na cela 1", afirmou o relator da CPI em entrevista à Agência Brasil.Para o deputado, não se pode responsabilizar os presos pelo início do incêndio, já que cabe ao Estado manter as celas em condições adequadas. "A informação que circulou ontem de que a culpa era dos presos porque eles fizeram gambiarras não é verdade, porque os presos estão sob a tutela do Estado. Se eles fazem coisa errada, o sistema tem que corrigir. E pelo que vimos lá, as gambiarras não são de uma semana, são de anos. Os fios estão cheios de aranha", disse.Dutra acredita que, além de roupas, colchões, plásticos e papéis existentes nas celas, um medicamento para coceira receitado aos detentos pode ter ajudado o fogo a se alastrar. "O médico receitou um remédio rico em iodo, que é muito sensível ao fogo. Pode ser também que, pela velocidade e violência com que o fogo se propagou, além dessa quantidade de material inflamável, pode ter tido também alguma substância que ajudou a propagar o fogo". O deputado lembrou que a cadeia já é alvo de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público de Minas Gerais. "O juiz da comarca determinou ao governo do estado providências, elas não foram tomadas e resultou nessa tragédia de mais oito presos em Minas Gerais mortos por causa do fogo."Acompanham o relator os deputados Alexandre Silveira (PPS-MG), que integra a CPI, e Virgílio Guimarães (PT-MG). Estava prevista a presença da deputada Maria Lúcia Cardoso (PSDB-MG), mas ela não compareceu. O incêndio ocorreu ontem (1º) por volta de 20h. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, o fogo se alastrou rapidamente e não houve tempo de abrir a porta da cela 1 da cadeia pública, onde estavam os oito presos que morreram.