Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A festa de confraternização de final de ano do MovimentoNacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), hoje (22) de manhã, naregião central da cidade, foi marcada tanto por agradecimentos ao governo quanto por reivindicações. Cerca de 200 moradores de rua e catadores de lixoaproveitaram a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir combate à violência e menos burocracia, que, segundoeles, atrapalha o desenvolvimento de suas atividades. De acordo com o líder do movimento, Severino Lima Júnior, oscatadores têm dificuldade para conseguir empréstimos, mesmo em linhas de crédito cujosrecursos já foram liberados, porque o excesso de trâmites e documentosexigidos atrasa a concessão. “Não queremos ser empregados. Queremos ser patrões de nós mesmos, masa burocracia atrapalha muito.”Lima Júnior citou o exemplo de R$ 32 milhões que foramdisponibilizados pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e pelo Ministério doTrabalho para construção de galpões, compra de carrinhos e balanças para os catadores e que ainda não chegaram à categoria por problemas jurídicos em convênios com as cooperativasde trabalhadores.O representante do Movimento da População de Rua, Samuel Rodrigues, lembroudos vários casos de violência que ocorreram recentemente contra moradores derua em São Paulo; Paranaguá e Apucarana, no Paraná; e em Belo Horizonte, entreoutras cidades. “Em Belo Horizonte, por exemplo, perdemos nosso último direito:o direito de dormir. O morador de rua não pode mais dormir que corre o risco deser preso.” Rodrigues se referia ao cadastramento de moradores de rua, feito por policiais na capital mineira, que também recolhia os pertences que eles usam para dormir.Ele defendeu a revogação dos Artigos 59 e60 da Lei 3.688, de 1941, que estabelecem “vadiagem” como contravenção. Também pediu que um projeto de lei que determina que2% das empresas que prestam serviços para o governo admitam moradores de ruaseja aprovado pelo Congresso Nacional.O coordenador da Pastoral do Povo de Rua, padre JúlioLancelotti, também pediu providências contra a violência, mas reconheceu que ogoverno tem se empenhado para melhorias das condições de vida dos catadores emoradores de rua. “É um fato histórico um presidente passar cinco nataisconsecutivos com o povo de rua.”