Débora Xavier e Irene Lôbo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Otransplante ósseo é necessário para troca das articulações de quadril ejoelho, correção de escoliose e outras deformações na coluna e tambémem casos de pacientes vitimados por tumores. Todos os que necessitam dedoação entram em uma lista em algum banco de ossos. No caso doInstituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), únicainstituição pública desse tipo no Brasil que realiza o procedimento gratuitamemte, os pacientes são atendidospela ordem de chegada, independentemente da instituição onde será feitoo transplante. A dona-de-casa Ivanilda Januário, de 50 anos, que está na fila dotransplante ósseo, espera que, com a cirurgia, diminuam as dores noquadril e se iguale o tamanho de suas pernas. Depois de um acidente quea deixou viúva e com três filhos para criar, Ivanilda passou a usarmuletas para se locomover. Em janeiro, ela fez uma cirurgia, mas nãofoi possível o transplante, por causa de uma infecção. Ivanilda atribui à falta de informação das pessoas a demora na soluçãode seu problema médico. "Falta divulgação sobre a doação de ossos,muita gente não sabe da importância da doação.”Quem deseja serdoador de ossos deve ser comunicar essa intenção à família em vida, jáque documentos não são mais aceitos. Só os parentes podem autorizarqualquer tipo de doação. Segundo os médicos, não há qualquerincompatibilidade de sexo, raça ou tipo sangüíneo entre doadores ereceptores. Os doadores devem ter de 18 a 70 anos. “Contudo, não devem ter tidodoença óssea alguma durante toda a vida”, alerta o diretor do Banco deOssos do Into, Marco Bernardo Cury. "Nem qualquer tipo de hepatite ouaids." Cury aponta a negação dos parentes do possível doador entre osproblemas enfrentados pelo Into para aumentar o número de transplantesósseos.Geralmente, quando a família autoriza a doação de órgãos, tambémautoriza a de tecidos músculo-esqueléticos, mas, muitas vezes, desistede tudo, ao ser entrevistada - o questionário que deve ser respondido émuito extenso. “As perguntas são necessárias para afastar qualquerpossibilidade de doença transmissível, o que torna inviável a doação”,afirma o médico.Segundo Cury, questionamentos sobre a vida íntima dos possíveisdoadores criam resistências na família, mas não podem ser deixados delado. Ele ressalta que as exigências para esse tipo de doação são maisrígidas e lembra que dois pacientes submetidos a transplante morreram,há alguns anos, por causa de doenças transmitidas pelo tecido ósseodoado. O médico destaca que o paciente que precisa de transplante ósseodificilmente está correndo risco de morrer, como o que precisa precisade um fígado ou de um coração. "O paciente que precisa de osso é alguémque não anda, que está com muita dor e que, muitas vezes, prefereamputar o membro a permanecer com a dor. É um paciente que não temrisco de morte, salvo raras exceções, mas ele sofre. É uma tortura paraele ficar na fila.”