Débora Xavier e Irene Lôbo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O diretor do Banco de Ossos do Instituto Nacional de Traumatologiae Ortopedia (Into), Marco Bernardo Cury, afirma que a abordagem de umafamília para um tipo de doação do qual ela nunca ouviu falar pode ser"constrangedora". O Banco de Ossos do Into é a única instituiçãopública desse tipo no Brasil que oferece o procedimento gratuitamente e, embora possa realizar duas captaçõesdiárias de tecido ósseo, que poderiam atender 60 pacientes, enfrentadificuldades para encontrar doadores.“A princípio, as famílias imaginam que o corpo do doador vai ficardeformado depois da captação do tecido ósseo”, diz o médico. Elegarante, entretanto, que isso não acontece, já que são feitasrecomposições e reconstruções. “É imperceptível que aquela pessoa foiuma doadora. Somente podemos retirar segmentos ósseos que podemosreconstituir de forma a manter a integralidade do corpo.”Além disso, lembra Cury, são poucas as ilegalidades que podem levarum médico à cadeia de forma tão rápida quanto a não-reconstrução dotecido ósseo de um doador. “O corpo do doador é reconstruído commaterial artificial, e não se consegue notar que aquela pessoa doouosso, porque ele é reconstruído de forma anatômica, de maneira a ficarexatamente como era antes da retirada do tecido ósseo.”De acordo com a Portaria 1686/2002 do Ministério da Saúde, ao removeros tecidos músculo-esqueléticos, fica obrigado a providenciar aadequada reconstituição da forma física do doador. Não é feita retiradade ossos da face, mas somente de membros superiores e inferiores, comoo fêmur, o ilíaco (da bacia) e dos braços (úmero).