Polícia Federal prende 23 suspeitos de serem falsos delegados, procuradores e auditores

07/12/2007 - 20h28

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Polícia Federal (PF) prendeu hoje (7) 23 pessoas suspeitasde terem se passado por delegados, procuradores da República e auditores daReceita Federal para aplicar golpes em empresas de vários setores. De acordocom a PF, os suspeitos fazem parte de uma quadrilha que, durante os últimosquatro meses, obteve cerca de R$ 700 mil com as fraudes.As prisões foram efetuadas em uma operação batizada Repique,que mobilizou mais de 300 policiais federais nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro,Santa Catarina e Sergipe.Segundo o delegado Adauto Ismael Rodrigues Machado,da Delegacia para Repressão de Crimes Fazendários, membros do grupo ligavampara diretores de empresas se passando por servidores de órgãos federaispara, em um primeiro momento, tentar vender anúncios em revistas fictícias desindicatos de policiais, procuradores ou auditores.Machado explicou que, caso a investida não surtisse efeito,os criminosos ofereciam favorecimentos para retirada de passaportes ou emoperações alfandegárias em troca de dinheiro. O delegado explica que, quando nenhum dos outros argumentos funcionava, os golpistas partiam para a extorsão e ameaçavam autuar ou multar asempresas por possíveis infrações que teriam cometido.“Eles diziam que tinhamuma lista de empresas amigas e não-amigas. As não-amigas estariam sujeitas àssanções que eles mesmos aplicariam”, afirmou.O delegado disse que a quadrilha era articuladae tinha membros com todos os níveis de escolaridade, inclusive umadvogado. Segundo o delegado, as investigações não apontaram o envolvimento denenhum servidor nos golpes.Machado afirmou que pelo menos 50 empresas teriam sidovítimas das fraudes que podem estar sendo praticadas há muito tempo. “Duranteas investigações, soubemos que alguns dos envolvidos estariam atuando há mais de20 anos neste mercado. Para eles, era como um trabalho normal.”Os 23 suspeitos detidos foram presos, temporariamente, porcinco dias. A Justiça pode determinar a prorrogação da detenção por mais cincodias e, caso ache necessário, decretar prisões preventivas paraque os suspeitos permaneçam presos até julgamento.Segundo Machado, os presos devem responder pelos crimesde estelionato, formação de quadrilha, extorsão, falsificação de documentos,falsidade ideológica, e por uso indevido de brasões e distintivos oficiais.Eles podem ser condenados a 20 anos de prisão.Segundo a PF, outros quatro mandados de prisão ainda não foram cumpridos. Os suspeitos estão sendo procurados. Empresas que foram vítimas de golpes também serão investigadas para que seja apurado se elas estavam envolvidas em irregularidades e, por isso, teriam aceitado a suposta chantagem dos criminosos.