Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 200 famílias do Movimento dosTrabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupam desde a madrugada de sábado (1º) afazenda Eldorado, na região de Valinhos (SP), para protestar contra a violênciada Polícia Militar (PM) de São Paulo. Segundo Pedro Santos, um dos porta-vozes do MST, os manifestantes acusam a PM de ter agido de forma“truculenta” durante a operação realizada na última quinta-feira (27) para a reintegraçãode posse de uma área em Limeira (SP), que também estava ocupada por integrantesde movimento.Na ocasião, segundo a assessoria de imprensa do MST, cercade 30 pessoas ficaram feridas, dentre elas, Gilmar Mauro, um dos líderes domovimento."A ocupação tem três motivos principais: a vistoria de áreasna região [para que possam ser desapropriadas], a vistoria da própria fazendaocupada e, principalmente, o repúdio à ação violenta da PM na reintegração deposse da área de Limeira”, disse Santos hoje (3).De acordo com ele, a fazenda Eldorado não é usada paraagricultura nem pecuária. A propriedade tem 240 hectares e está localizada a 12quilômetros do centro de Valinhos, na estrada para Itatiba.“Está tudo abandonado. Não tem plantação, não tem gado,nem pasto. Óbvio que ela está improdutiva. O Incra [Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária] não desapropria a área porquenunca veio aqui”.Em nota, o Incra afirma que “não existenenhum processo administrativo em relação à fazenda em questão, ou seja, não háprocesso de desapropriação da área”.Os integrantes que foram retirados da área de Limeiraestão alojados na Diocese da cidade. De acordo com a assessoria deimprensa do MST, cerca de 200 famílias ainda estão terminando derecolher seus pertencentes e se mantêm comajuda da população.A Polícia Militar de São Paulo informou que já abriu uminquérito interno para apurar se ocorreu violência na operação de quinta-feira. O capitão Marcel Lacerda Soffner, assessor de imprensa da corporação, informouque dentro de 40 dias devem ser apresentados os resultados da investigação.Segundo ele, a princípio, a PMusou os meios necessários para fazer cumprir a decisão da Justiça, segundo quem, a área ocupada pelo MST é de posse da prefeitura de Limeira, que pediu a retirada dos manifestantes.De acordo com a prefeitura, "o município pretende construir um distrito industrial e um aterro sanitário" no local.