Arrozeiros prometem resistir à desocupação na Terra Indígena Raposa Serra do Sol

17/11/2007 - 17h18

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Associação dos Arrozeiros, em Roraima, Paulo César Quartiero, promete resistir "até o fim" à retirada de não-índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. O prazo para saída dos fazendeiros que estão no local terminou em abril de 2006.No dia 6 de novembro, a Casa Civil da Presidência da República confirmou que será concluída a retirada ainda este ano. “Eu não falo pelos outros, falo por mim. Vou resistir até o fim”, disse Quartieiro, em entrevista ao programa Brasil Rural, da Rádio Nacional, hoje (17).A Fundação Nacional do Índio (Funai) cadastrou 391 famílias e produtores para reassentamento. Já foram atendidos pelo Incra 131 famílias e produtores. Outros 164 requereram lotes para a reposição de terras. Noventa e seis ainda não procuraram o Incra. O governo federal ofereceu uma área no município de Caracaraí, a 150 quilômetros de Boa Vista, para a transferência dos produtores.“As condições de reassentamento são subumanas e estão levando as pessoas a morrer de fome”, afirmou Quartiero. Para ele, em Roraima já não há espaço para plantar. “Teríamos que construir o segundo piso porque o primeiro já está ocupado.”No último dia 7, o superintendente do Incra em Roraima, Francisco Beserra, reconheceu que a área destinada ao reassentamento não é totalmente propícia para o cultivo de arroz. No entanto, segundo o Incra, boa parte do terreno é cultivável. Ele fica em uma área de transição entre a floresta e o cerrado, às margens da BR 174 e a poucos quilômetros de um porto fluvial, o que viabiliza o escoamento da produçãoPara Quartiero, mesmo com a retirada de não-índios, a região não ficará para uso dos indígenas. “Eles demarcam as áreas e depois transformam em reservas ambientais que nem os índios podem usufruir”, criticou.“Na verdade, transformam o índio em guarda-mato sem salário e ele vai aos poucos, como já vem acontecendo em Roraima de forma acelerada, vindo para cidade e se instalando na periferia e às vezes sobrevivendo de coletar lixo de nossa lixeira pública.”