Operação combate exploração ilegal em terra indígena no Maranhão

11/11/2007 - 20h07

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Começa nesta madrugada uma operação para capturar pessoas que exploramilegalmente recursos naturais ou se escondem na Terra Indígena Araribóia, na região oeste do Maranhão, uma área de 413 mil hectares onde vivemaproximadamente 8 mil índios guajajara e 50 isolados da etnia Guajá. A ação será realizada por 190 agentes de fiscalização e policiamento. A Fundação Nacional do Índio (Funai) é responsável pela coordenação da Operação Araribóia, que serádeflagrada com o apoio de Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar do Maranhão e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dosRecursos Naturais Renováveis (Ibama).“Essa operação vai trazer umresgate socioambiental da terra indígena para os índios. Um resgate dacultura, dos costumes e da situação florestal de que eles necessitam para suasubsistência”, afirmou à Agência Brasil Thais Gonçalves, coordenadora deproteção às terras indígenas da Funai.A terra Araribóia,segundo os órgãos fiscalizadores, vem sendo alvo de intensa devastação. Incêndioscriminosos já teriam atingido quase 60% de sua extensão. Do início do ano até outubro, fiscais do Ibama apreenderam mais de 20 mil metros cúbicos de madeira e 30 carretas nas proximidades da reserva.Pólos madeireiros estãoposicionados em cidades do entorno, como Arame, Amarante eBuriticupu. “Os municípios não fizeram plano diretor, zoneamento e ordenamentoterritorial. Por isso, estão com áreas de expansão urbana adentrando a terra indígena. A presença de serrarias e madeireiras nos limites das terras estimula as atividadesimpactantes”, explicou a gerente executiva doIbama em Imperatriz (MA), Adriana Carvalho. Para agravar a situação,ações fiscalizadoras promovidas desde fevereiro na Reserva Biológica do Gurupi fizeramcom que madeireiros migrassem para a terra Araribóia. O quadro atual écomposto pela extração ilegal de madeira, incêndios criminosos e plantações demaconha, numa área onde estão espalhadas 98 aldeias. O resultado é oacirramento de tensões. Parte dos índios, quando encontram caminhões de madeiradentro de suas terras, tem se mobilizado para impedir a retirada, gerandorepresálias. Há cerca de15 dias, houve confronto armado entre índios e homens encapuzados que tentavamresgatar veículos, conforme relatos da coordenação da Funai e da gerência doIbama. Dois índios foram assassinados.Entretanto, há indícios daadesão de indígenas às atividades ilegais. Caso a situação seja comprovada, aFunai garante que agirá com rigor.“Quem for pego em atividade ilegal será preso assim como o branco”,disse Thais Gonçalves, ao lembrar que a fundação estimula ações sociais para quea comunidade seja atendida por outras atividades que garantam a suasubsistência, como oficinas de produção cultural, financiamento de lavouras e capacitação emlegislação ambiental.Em recentesações prévias à instalação da força tarefa, a PF prendeu 15 pessoas encontradasdevastando a floresta na região, incluindo um suposto líder da exploração nacidade de Amarante. Alguns já estão soltos, mas responderão a processo criminal.As autoridades policiais também suspeitam que foragidos da Justiça de todo oBrasil estejam escondidos na terra Araribóia.Os coordenadores da operação apostam em um trabalho deinteligência para que consigam chegar efetivamente aos financiadores dos crimesambientais, e não apenas aos executores do desmatamento, que o fazem em condições precárias,  análogas à escravidão. Um acampamento do Exército deve garantir condições para apermanência das equipes 24 horas ao dia, por tempo indeterminado, dentro de terraindígena.“Vamos ficar até queconsigamos um ambiente de maior segurança, com a identificação e o encaminhamentoadministrativo e criminal dos infratores”, explicou Adriana Carvalho, do Ibama.