Erich Decat e Paulo Montoia
Da Agência Brasil
Brasília e São Paulo - O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), autarquia ligada ao governo paulista, divulgou comunicado hoje (18) esclarecendo que seu laudo sobre as reformas na pista principal do Aeroporto Internacional de Congonhas ainda não está pronta. A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) havia anunciado que o IPT realizou auditoria sobre as obras nas pistas de Congonhas.No comunicado, o IPT esclarece que concluiu apenas a auditoria técnica das obras da pista auxiliar. A análise das obras da pista principal, na qual ocorreu o acidente ontem (17) com o Airbus da TAM, não foi concluída. “Até o momento, nenhum relatório foi entregue à Infraero”, afirma a nota.O IPT é o órgão também contratado pelo governo do estado de São Paulo, através da Companhia do Metropolitano de São Paulo, para fazer um laudo técnico das obras da futura estação Pinheiros do metrô, que desabou em janeiro. No comunicado, o instituto detalha cada item a ser auditado, como o “binder (camada de ligação da estrutura da base com o revestimento do pavimento); características das misturas que compõem o revestimento asfáltico; características de superfície: irregularidade, declividade, planicidade, atrito (microtextura) e textura (macrotextura).”De acordo com a assessoria de imprensa, trata-se de um laudo exclusivamente da esfera da engenharia civil. Os relatórios finais sobre as reformas realizadas na pista principal do Aeroporto de Congonhas “deverão ser encaminhados nos próximos dias 27 de julho, 07 e 17 de agosto”, segundo o IPT.A falta de aderência da pista é a causa mais provável do acidente, na opinião é do presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Transporte Aéreo (SBTA), Anderson Correia. "Esse aeroporto, como todos sabem, tem uma certa limitação, tanto no tamanho quanto na qualidade da pista”, afirma.A pista em que ocorreu o acidente havia sido liberada após reforma há pouco mais de duas semanas. A liberação ocorreu antes que estivessem prontas as obras para aumentar a aderência do asfalto com os pneus de aviões. Essa parte da reforma estava sendo feita durante a madrugada e só ficaria pronta em setembro. O especialista em aviação civil e comercial Valtécio Alencar considera "crítica" a liberação da pista antes da conclusão da obra.Anderson Correia defende que Congonhas seja fechado para aviões de grande porte. Segundo ele, o aeroporto não tem condições mínimas de segurança para esse tipo de vôo. A redução das linhas que passam por Congonhas estava em estudo pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).A Aeronáutica praticamente descarta a possibilidade de derrapagem. “Aquaplanagem é pouco provável que tenha ocorrido, mas isso saberemos em poucos dias”, afirmou o o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro-do-ar Jorge Kersul Filho.No dia do acidente (17), a pista chegou a ser testada a pedido da Torre de Comando. “E foi reportado que não havia lâmina de água, que pudesse gerar aquaplanagem”, afirmou o superintendente de engenharia da Infraero, Armando Schneider Filho, em entrevista coletiva à imprensa esta tarde, na capital paulista. Teria sido informado apenas que "pista estava molhada".