Polícia Federal e Congresso vão apurar incêndio na UnB

29/03/2007 - 23h23

Flávia Agnello
Da Rádio Nacional
Brasília - Representantes do Congresso Nacional, da Polícia Federal e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) do governo federal tiveram reunião hoje (29) com o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Milholland. Eles discutiram o incêndio em três apartamentos ocupados por alunos africanos na Casa dos Estudantes, na quarta-feira (28). A Polícia Federal já instaurou inquérito para investigar o caso do incêndio. Oito pessoas já foram intimadas a prestar depoimento amanhã (30), segundo a superintendente da Polícia Federal no Distrito Federal, Walquíria Andrade. Os presidentes das comissões do Senado de Educação, Cristovam Buarque (PDT/DF), de Direitos Humanos, Paulo Paim (PT/RS), e das comissões da Câmara dos Deputados de Direitos Humanos, Janete Pietá (PT/SP), e de Relações Exteriores, Vieira da Cunha (PDT-RS).Na próxima terça-feira, a Comissão de Direitos Humanos do Senado vai se reunir com todas as outras comissões da Câmara e do Senado. “Se engana quem pensa que esse fato é um fato isolado aqui na UnB", afirma Paim. "Fatos como esse, contra negros e índios, principalmente, estão acontecendo de forma assustadora aqui no nosso país. Residência de parlamentares negros aqui em Brasília sendo apedrejada”, ponderou o senador.Para o senador e ex-reitor da UnB, Cristovam Buarque, a questão do preconceito está apenas deixando de ser abafada. “Eu temo que aumentem os conflitos. Como, aliás, alguns têm dito: ‘Vai surgir o conflito racial’. Não é que vai surgir, vai aparecer o que estava escondido debaixo do tapete”, disse o senador do PDT. Para Cristovam Buarque não se deve recuar diante um fato como esse. “O Brasil não tem direito de voltar a colocar debaixo do tapete o problema racial. Temos que tirar esse tapete e deixar aflorar o conflito e administrá-lo”, concluiu.A deputada Pietá defendeu que o Estatuto da Igualdade precisa ser votado no Congresso Nacional. “Nós temos que colocar em pauta essa discussão. Não adianta ficar apenas nesse momento levantando as questões. É necessário continuidade. O silêncio da maioria que permite que uma minoria agressora, covarde, tenha feito atos e continue fazendo atos como o que ocorreu nessa universidade no dia de ontem. Quem é afro-descendente sabe o que significa isso”, disse Pietá.O dia 28 de março, em que ocorreu o incêndio, foi instituído como o Dia da Igualdade Racial na UnB. A decisão foi anunciada durante a reunião de hoje. “Nós assinamos um documento declarando o dia 28 de março o Dia da Igualdade Racial da UnB, para que esse ato abominável seja motivo de buscarmos um convívio democrático, um convívio pacífico, tanto aqueles que somo daqui do Brasil como todos os visitantes estrangeiros que nós temos. Estudantes que vem enriquecer o nosso convívio”, disse o reitor da universidade Timothy Milholland.