Justiça retira acusação contra principal suspeito de mandar matar liderança no Pará

29/03/2007 - 22h59

Aloisio Milani
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O juiz comarca de Rondon do Pará retirou a acusação contra o principal suspeito de ser o mandante do assassinato do trabalhador rural José Dutra da Costa, conhecido como Dezinho, em novembro de 2000. O caso marcou a luta de movimentos sociais contra a violência no campo e pela reforma agrária, assim como a morte da missionária Dorothy Stang. O principal suspeito era o fazendeiro Décio José Barroso Nunes, o Delsão.O magistrado seguiu um pedido da promotoria que alegou não haver provas suficientes contra o suspeito. Entidades de trabalhadores rurais criticam decisão da Justiça do Pará por gerar impunidade. Segundo uma nota divulgado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, o caso é "mais um lamentável exemplo do descaso da polícia, do Ministério Público e do poder Judiciário paraense em punir aqueles que detêm o poder econômico e comandam o crime organizado no campo".Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos últimos 30 anos, mais de 700 assassinatos aconteceram na área rural do estado do Pará, fruto de conflitos agrários e a violência de grandes proprietários de terras. Destes, apenas quatro fazendeiros, mandantes de crimes, teriam sido condenados pela justiça, segundo a comissão.Numa série de reportagens da Agência Brasil em janeiro de 2007, a viúva do líder rural Dezinho, Maria Joel Dias da Costa, vencedora do Prêmio de Direitos Humanos, criticou a lentidão no processo. À época, a representante da organização não-governamental Justiça Global também denunciou à Agência Brasil a possibilidade de Delsão fugir do julgamento.