Itamaraty estima que pelo menos 1,2 milhão de brasileiros vivam nos EUA

29/03/2007 - 21h02

Vitor Abdala
Enviado especial*
Washington, DC (EUA) - O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) estima que entre de 1,2 milhão e1,5 milhão de brasileiros viva nos Estados Unidos, de forma legal ouclandestina. Essa é a maior comunidade brasileira fora do país erepresenta cerca de metade do número total de emigrantes brasileiros, estimado em 2,5 milhões a 3 milhões de pessoas.Parte desse contingente pode ser afetada pelo projeto do presidentenorte-americano, George W. Bush, de facilitar a concessão de vistos paraestrangeiros e legalizar imigrantes que hoje estãoclandestinos.Para o coordenador do Programa de Estudos Brasileiros da Universidadede Georgetown (EUA), Bryan McCann, se for aprovada pelo Congressonorte-americano, a nova legislação facilitará a vida dos brasileiros."Para os brasileiros que já estão aqui, sem documentos, há vários anostrabalhando e pagando impostos, mesmo que seja com código de socialsecurity (seguro social, o equivalente ao CPF) falso, isso pode ajudar sim a normalizar essasituação", afirmou McCann.O empresário Dario Santos, de 55 anos, vive nos Estados Unidos emsituação legal, mas espera uma mudança na legislação para que outrosbrasileiros sejam beneficiados. Morador da região de Washington desde1986, ele hoje ajuda compatriotas a procurar a regularização de suasituação.Ele chegou a manter um local chamado de Casa do Brasil por cerca desete anos entre 1988 e 1995, e abrigava brasileiros recém-chegadosaos Estados Unidos que não tinham uma casa para ficar. Ele também os ajudavaa conseguir um green card [documento que permite a residência de umestrangeiro nos EUA]. "Hoje é muito mais difícil conseguir isso. Mascontinuamos ajudando os brasileiros. O prédio da Casa do Brasil nãoexiste mais, mas eu ainda sou a Casa do Brasil", disse Santos.A jornalista mineira Valéria Buffo chegou aos Estados Unidos há seisanos, para se casar com seu namorado norte-americano. Ela acredita quea nova lei, proposta pela Casa Branca, deve encorajar brasileiros queestão há muito tempo em território americano a sair de suas "tocas".Mesmo sem ter passado por dificuldades que normalmente ilegais passam,como não ter direito a usufruir de benefícios do Estado e viver sobameaça de deportação, Valéria conta que a vida nos Estados Unidos nãoé fácil para um brasileiro."Você sente falta das coisas mais básicas. Do arroz e feijão, porexemplo. Você sente falta de almoçar. Aquela coisa de ter comida. Aquitodo mundo come em pé, num carrinho de cachorro-quente. A língua é bemdifícil. Eu fiz um cursinho de inglês no Brasil, mas eu sabia sócoisas como 'how are you?' [Como está você?]. Era bem difícil mecomunicar com as pessoas. E eu também não tenho ninguém da famíliaaqui. É muito difícil", conta Buffo.