Economia para pagar juros da dívida bate recorde no primeiro bimestre de 2007

29/03/2007 - 16h17

Wellton Máximo*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O superávit primário (economia que o governo faz para pagar juros da dívida) do setor público, que inclui governos e estatais, somou R$ 20,1 bilhões nos dois primeiros meses de 2007. Segundo o Banco Central (BC), esse é o maior esforço fiscal para um bimestre desde 1991, quando a autoridade monetária começou a divulgar os resultados da política fiscal do setor público.Os resultados divulgados hoje (29) mostram que a economia para pagamento de juros em janeiro e fevereiro chegou a 5,24% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas produzidas no país). Isso representa mais que o dobro do superávit primário alcançado em igual período de 2006, que havia sido de R$ 7,8 bilhões (2,19% do PIB).Em fevereiro, o superávit primário foi de R$ 6,7 bilhões, o melhor resultado para o mês desde 2003.Os dados do BC já contemplam a nova metodologia de cálculo PIB, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, o superávit atingiu R$ 102,5 bilhões (4,36% do PIB). Esse percentual é superior à meta do governo, de 4,25% do PIB. Se for considerado o Projeto Piloto de Investimento previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a meta é menor: 3,75% do PIB.A queda da Selic (taxa básica de juros da economia) nos últimos meses reduziu o volume de juros pago pelo setor público. No acumulado de janeiro e fevereiro, o total de juros pagos somou R$ 24,9 bilhões, equivalante a 6,49% do PIB. Essa quantia é inferior aos R$ 31,3 bilhões (8,79% do PIB) desembolsados no primeiro bimestre de 2006.Os juros também tiveram redução no acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro. Nesse período, alcançaram R$ 153,7 bilhões.O déficit nominal, que é a diferença entre os juros pagos e o superávit primário, foi de R$ 4,8 bilhões (1,25% do PIB) nos dois primeiros meses de 2007, bastante inferior aos R$ 23,5 bilhões (6,6% do PIB) registrados no mesmo período do ano passado. Considerando o acumulado dos 12 meses encerrado em fevereiro, o déficit nominal foi de 2,18% do PIB. Esse foi o melhor resultado da história, tomando-se por base apenas aferições mensais.