Secretário gaúcho lamenta alto número de denúncias de exploração de crianças

16/03/2007 - 20h38

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os números do 3º Relatório Nacional sobre Direitos Humanos no Brasil, elaborado pela Universidade de São Paulo (USP), colocam o Rio Grande do Sul como o quarto estado com maior número de denúncias de abuso e exploração de crianças e adolescentes. “Lamento que as estatísticas estejam altas", afirmou o secretário da Justiça e da Segurança do Rio Grande do Sul, Enio Bacci, por meio de sua assessoria de imprensa. O relatório foi divulgado na manhã de hoje (16), em São Paulo.Bacci afirma que os altos números são "de anos anteriores". "Essas quadrilhas existem aqui no estado há décadas, e só agora estão sendo desbaratadas”, ressaltou em nota o secretário, destacando em seguida a “coragem e audácia” das polícias gaúchas que desmontaram, esta semana, duas quadrilhas que atuavam no tráfico de crianças, casos que tiveram repercussão nacional. “Essas ações demonstram que não somos tolerantes quanto a esse tipo de crime”.Segundo o relatório da USP, de maio de 2003 a janeiro de 2005, no Rio Grande do Sul foram registrados 1.362 casos de abuso e exploração de crianças e adolescentes, o que representa 14,4 denúncias por 100 mil habitantes. O estado é superado apenas por Amazonas (19,8 por 100 mil), Maranhão (15,3) e Distrito Federal (17,2).Bacci também acredita que o Rio Grande do Sul está entre os primeiros da lista por divulgar 100% das estatísticas. Diz que outros estados, como São Paulo, divulgam apenas estatísticas regionais, “portanto a tendência é ter um número menor”. Para ele, a população gaúcha é mais “consciente” e busca o poder público quando vê casos de abuso e exploração de crianças e adolescentes.O que chamou a atenção dos pesquisadores da USP, foi o fato do Rio Grande do Sul ser um dos estados mais ricos do país e com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “Diante da ineficácia em enfrentar o problema, nem mesmo com o nível de desenvolvimento econômico e social alcançado é possível resolver esse grave problema”, destaca o texto.