Demora na pavimentação da BR-163 abre espaço para estradas ilegais, diz instituto

10/03/2007 - 1h32

Clara Mousinho
Da Agência Brasil
Brasília - Um levantamento do Instituto dePesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mostra que quase metade (40%) da malha rodoviária da BR-163 é cortada por estradas ilegais, construídas de forma precária principalmente para apoiar o desmatamento ilegal na Amazônia. Segundo um dos coordenadores do instituto, Ricardo Melo, a demora na pavimentação da rodovia contribui para a abertura destas rotas."O governo quandoabre uma área de assentamento, por lei, é obrigado a abrir estradas praspopulações. Mas muitas vezes ele não tem dinheiro para fazer isso. Comovocê tem pessoas assentadas e não tem dinheiro para construir estradaslegais, começa um processo ilegal de abertura de estradas que é feitoem parceria com o setor privado, formado por madeireiros epecuaristas”, diz Melo.Esta semana, representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Instituto dePesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), do Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária (Incra) e da sociedade civil discutiram os maiores desafios da BR-163, que liga Cuiabá(MT) a Santarém (PA).A BR-163 tem 1,7 mil quilômetros e é uma dasrodovias utilizadas para o escoamento da soja produzida no Mato Grosso.A estrada é alvo de ocupação desordenada e de atividades rurais nãoplanejadas.“É preciso definir quem é dono de que. A partir disso a gente temoutras coisas, a questão da gestão florestal, como vai ser exploradoisso. Se essa exploração de fato vai representar uma melhoria de vidadas populações locais, como gerenciar as florestas dessas regiões”, sugere o coordenador do Ipam.Foramdefinidos na reunião quatro eixos de trabalho. Segundo o pesquisador doIpam, David McGrath, os desafios são: as questões fundiárias, a questãoda implantação da nova política florestal especificamente o DistritoFlorestal, fortalecimento da participação da sociedade civil e aquestão do fomento à produção.Para o diretor doprograma nacional de florestas do Ministério do Meio Ambiente, TassoAzevedo, o maior desafio é completar o asfaltamento da rodovia com ummodelo de desenvolvimento econômico sustentável da floresta. “Afloresta em pé tem que valer bem mais do que a floresta no chão.”