Segundo economista, falta de educação significa descontinuidade do emprego para jovens

05/03/2007 - 10h13

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma das conclusões do estudo Situação do jovem no mercado de trabalho no Brasil: um balanço dos últimos 10 anos, do economista da Universidade de Campinas (Unicamp), Márcio Pochmann, é de que há um maior interesse do jovem em ampliar a sua escolaridade. Houve também um aumento na quantidade de jovens que busca na escola uma melhor preparação.Apesar disso, a pesquisa constata que mais da metade dos jovens brasileiros entre 15 e 24 anos, ou seja, 17,5 milhões de pessoas, segundo o IBGE, ainda não estão estudando. Segundo o estudo, do total de jovens no país (35,1 milhões de pessoa), 65,3% estão no mercado de trabalho e somente 46,8% estudam. “Isso significa problemas para a continuidade, do ponto de vista da ocupação e elevação da própria trajetória ocupacional do jovem”, diz o estudo.Dos jovens entre 15 e 24 anos que não estudam (53,2%), há mais homens do que mulheres. Os homens fora da escola somam 53,6%, enquanto que nas mulheres esse percentual cai para 52,4%. Mesmo com aumento de 39,4% dos jovens que estudam, não houve redução da presença de jovens no mercado de trabalho. Por isso, Pochmann chega a conclusão de que, no Brasil, os jovens trabalham e estudam.“O Brasil tem jovens que trabalham e estudam, ao contrário da tendência dos países desenvolvidos de postergação do ingresso juvenil no mercado de trabalho para ampliação da escolarização”, diz o estudo. Outra conclusão do pesquisador, com base nos dados do IBGE, é que o avanço da educação entre os jovens do sexo masculino postergou a entrada dessa parcela da população no mercado de trabalho, o que é justamente a tendência verificada nos países desenvolvidos.Entre 1995 e 2005, a taxa de jovens do sexo masculino que estuda cresceu mais de 44%, mas a taxa de atividade no mercado de trabalho diminuiu 4,1%, passando de 78,5% para 75,3%. Já no sexo feminino, a taxa das que estudam aumentou menos de 35%, e a taxa de atividade aumentou 7,9%, passando de 51,8% para 55,9%.