Para Lula, taxa dos Estados Unidos sobre etanol brasileiro não tem sentido

05/03/2007 - 8h46

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A redução dos impostos cobrados pelos Estados Unidos sobre oálcool combustível (etanol) brasileiro será um dos temas do encontro entre ospresidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush na próxima sexta-feira(9) em São Paulo.  "Se é para ter livre comércio, vamos ter livre comércio paraque a gente tenha oportunidade de vender e de comprar. Não tem sentidoa alta taxa que os Estados Unidos impõem ao álcool brasileiro", afirmouhoje (5) Lula, no programa de rádio Café com o Presidente. Ao exportar etanol para os Estados Unidos, os produtoresbrasileiros têm de pagar US$ 0,54 por galão, o equivalente a R$ 0,30 por litro,e mais imposto de 2,5%, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica),que reúne os maiores produtores de álcool combustível do centro-sul dopaís.  Na semana passada, os usineirospediram ao presidente Lula que negocie com o governo norte-americano a reduçãodas taxas.Já o ministro do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior, Luiz Fernando Furlan, informou que o governo brasileiro queraproveitar a demanda dos Estados Unidos por biocombustível para negociar umacota livre de tributos de exportação. Conforme dados da Unica, Brasil e Estados Unidos sãoresponsáveis por 70% da produção mundial de etanol. Os norte-americanosproduzem o combustível a partir do milho, mais caro, e os brasileiros, decana-de-açúcar. Dos 3,5 bilhões de litros de etanol exportados pelo Brasil no anopassado, 2 bilhões foram para os Estados Unidos. A produção total brasileira éde 18 bilhões de litros anuais."Quando os Estados Unidos tiram o milho do mercado de raçãopara produzir álcool, o álcool fica caro e o milho também fica caro", explicou opresidente.No programa de rádio, Lula destacou que aprodução de combustível alternativo, como álcool e biodiesel, gera emprego noBrasil, poderá ajudar no desenvolvimento de países pobres da África e daAmérica Central, além de contribuir para a diminuição do aquecimento global. "Quanto menos poluição, melhor para todo mundo.Eu penso que os Estados Unidos precisam conhecer a fundo a tecnologiabrasileira na produção de etanol. Acho que eles têm de conhecer a fundo osprogramas de biodiesel que nós estamos introduzindo no Brasil. Todo mundo estáacompanhando com muita preocupação o aquecimento do planeta", afirmou.