Desemprego entre jovens brasileiros dobrou entre 1995 e 2005, mostra estudo

05/03/2007 - 10h03

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A transição dos jovens do sistema educacional para o mundodo trabalho está em crise, segundo o estudo Situação do jovem no mercadode trabalho no Brasil: um balanço dos últimos 10 anos, do economista daUniversidade de Campinas (Unicamp), Márcio Pochmann. Divulgado em fevereiro, otrabalho analisa dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). O principal deles mostra que de cada 100 jovens que ingressaram nomercado de trabalho nos últimos 10 anos, 55 ficaram desempregados e apenas 45encontraram uma ocupação.No período de 1995 a2005, o desemprego entre a população jovens, entre 15 e 24 anos, cresceu muitomais do que para as demais faixas etárias. A Pesquisa Nacional por Amostras deDomicílios (Pnad – IBGE) registra que, em 2005, a quantidade dejovens sem emprego era quase 107% superior a de 1995. Para o resto dapopulação, o desemprego foi 90,5% superior nos últimos 10 anos.A expansão do desemprego também foi maior entre os jovens. Variou 70,2% para osjovens (de 11,4% em 1995 para 19,4% em 2005). Para o resto da populaçãoeconomicamente ativa, variou 44,2% (de 4,3% para 6,2%). Também segundo o IBGE, a situação do desemprego é pior para as jovens do sexofeminino. Nesse grupo, a taxa de desemprego passou de 14,1% para 25% em 10 anos(aumento de 77,4%), enquanto que para a de jovens do sexo masculino a variaçãofoi de 9,7% para 15,3% (aumento de 57,8%).“Uma parte importante dos jovens que não trabalha, nãoestuda e tampouco procuram trabalho diz respeito a jovens do sexo feminino.Muitas vezes o problema está vinculado à gravidez precoce”, explica Pochmann.Para Pochmann, o fato de o país ter, em 2005, um desempregado a cada cincojovens (sendo que de uma a cada quatro eram do sexo feminino), fez com que oBrasil gerasse menos emprego para o restante da população. O país também nãoconseguiu manter os jovens empregados por um longo tempo, conclui opesquisador. “Hoje ele (o jovem) consegue alguma ocupação, algum bico, estágio,mas no momento seguinte ele volta a estar desempregado.”Segundo o economista, essa situação se deve ao baixo crescimento da economianacional. Para ele, o Brasil deveria crescer 5% ou 6% ao ano para poderabsorver cerca de 2,5 milhões de pessoas que ingressam no mercado de trabalho.“Toda vez que o Brasil cresce menos de 5%, ele não consegue gerar emprego paratodos e quem termina sofrendo mais a situação do desemprego é o jovembrasileiro.”De acordo com o IBGE, entre 1995 e 2005, o país gerou 17,5 milhões de novospostos de trabalho. Desse total, 1,8 milhão de vagas foram preenchidas porpessoas na faixa entre 15 e 24 anos.