PAC tem visão colonial sobre a Amazônia, diz Amigos da Terra

11/02/2007 - 19h38

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem uma “visão colonial” sobre a Região Norte, na opinião do Amigos da Terra, grupo ambientalista. Para a entidade, os megaprojetos destinados à Amazônia visam apenas a exploração dos recursos naturais, deixando de lado a defesa ambiental e a geração de emprego e renda.Ao lançar o PAC, o governo reafirmou a condição da região norte como fornecedora de insumos para o resto do país, acredita o diretor da Amigos da Terra, Roberto Smeraldi. Ele cita o exemplo das duas hidrelétricas que serão construídas no Rio Madeira, em Rondônia, e o asfaltamento da BR 163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA). Na sua opinião, as obras servirão para fornecer energia e alimentos à rede nacional."O PAC é um exemplo de que o olhar sobre a Amazônia é ainda tipicamente colonial. Uma visão de exploração dos recursos, que é sempre renovada e reforçada. Continuam enxergando a Amazônia como solução para os problemas econômicos do país”, sublinha Smeraldi. Para ele, o programa não prioriza a defesa ambiental, paralelamente ao desenvolvimento e ao crescimento local, atendendo apenas os interesses das empreiteiras “que se beneficiaram com os megaprojetos”.Smeraldi assinala, ainda, que o programa não traz investimentos na geração de emprego e renda. Inclusive, prossegue, deveriam priorizar a industrialização de algumas áreas, por exemplo, o setor de biotecnologia nos centros urbanos. “É preciso uma injeção de ciência e tecnologia na região, gerando assim produtos com qualidade e com competitividade que ajudem no crescimento da Amazônia”, finaliza.A Amigos da Terra - Amazônia Brasileira existe no Brasil desde 1989. Atua na promoção do uso sustentável dos produtos florestais, na prevenção do fogo, no atendimento a comunidades isoladas, e na formulação e acompanhamento de políticas públicas. Faz, também, parte da Amigos da Terra Internacional, rede de entidades ambientalistas, sem fins lucrativos, reconhecida pelas Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1971, com atuação em 68 países.