Diversificação de produção agrícola é importante para evitar dependência, diz MPA

11/02/2007 - 19h33

Gláucia Gomes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Começa esta segunda-feira (12) o 1º Seminário Nacional de Diversificação Produtiva, em Porto Alegre, organizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. O coordenador regional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Wilson Rabuske, considera importante o seminário ampliar as discussões sobre essa diversificação, para ter alguma renda além do fumo.Uma agricultora se matou depois que a empresa fumageira Aliance One, conseguiu junto à justiça do unicípio gaúcho Vale do Sol, na região do Vale do Rio Pardo (RS) um arresto do fumo. Arresto é uma medida cautelar em que a justiça autoriza a empresa a apreender o fumo, como garantia no pagamento de dívidas.A agricultura Eva da Silva, de 61 anos, tentou argumentar e provar através de notas fiscais e extratos da conta que não havia dividas vencidas e, portanto, que não tinha débitos com a empresa. Segundo ele, a agricultora não foi ouvida e ameaçou se matar caso o arresto não parasse. Foi aí que, como eles não pararam, ela se desesperou. “Ela vendia fumo para a empresa há mais de 25 anos, inclusive vendeu ano passado”.O coordenador do MPA disse que está acompanhando o caso e que cobrará dos órgãos competentes o esclarecimento do caso para que os culpados sejam responsabilizados. O Wilson disse que a relação dos agricultores é muito difícil, porque as empresas impõem as condições e muitas vezes eles assinam sem ter o devido esclarecimento. “Esses contratos são abusivos, onde os agricultores só têm deveres e não têm direitos, na maioria das vezes nem cópia dos contratos eles recebem. As empresas ditam as regras e os agricultores têm que executá-las” disse Rabuske.Para ele, a justiça tem contribuído para essas situações quando concede arrestos, sem analisar com profundidade os documentos que a indústria apresenta. E também “a justiça tem concedido arrestos sem que o agricultor seja ouvido e tenha tempo de se defender, causando constrangimento as famílias”.Segundo Wilson Rabuske o preço do fumo nos últimos anos tem estado defasado, o custo de produção tem aumentado e as empresas pagam abaixo do valor do custo de produção. “Isso tem levado a um empobrecimento dos que produzem fumo” disse ele e acrescentou que “tem aumentando também a situação do arresto como forma de pressão aos agricultores”. Além disso a indústria também impõe os agrotóxicos que devem ser usados, vendendo, inclusive, com preços superiores aos do mercado, causando uma agravamento na situação da saúde financeira e física” disse Wilson. Segundo ele os índices de depressão e suicídios na região são muito altos.