Ambientalista critica impacto de obra financiada pelo BNDES

11/02/2007 - 0h46

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Nem sempre os projetos apoiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) são elogiados pela sociedade que convive dia-a-dia com o empreendimento. É o caso do financiamento de R$ 2,4 bilhões concedidos pelo banco para a expansão da produção da Suzano Bahia Sul Celulose em sua unidade industrial de Mucuri, interior baiano.O resultado do financiamento da produção de eucalipto voltada totalmente à exportação. E criticada pelo coordenador do Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), Renato Cunha, por significar a expansão da monocultura de eucalipto. “A preocupação é que além do impacto ambiental significativo, há a extinção da floresta”, afirma Cunha. "Perde-se  em termos de biodiversidade, porque esses plantios de eucalipto não absorvem isso”, indicou.Cunha considera também que o projeto inibe a diversificação de cultivos na região, não valorizando a produção agrícola local. "Tanto que a região hoje praticamente não produz alimentos, porque só produz eucalipto, celulose”, acusou. O ambientalista acredita que esse tipo de projeto financiado pelo BNDES traz poucos impactos posivitos no campo social. "Eles concentram terras e capital e não agregam valor para a região. É tudo exportado. É tudo virtual para a região porque produz madeira para celulose, depois vai tudo embora  e as comunidades não ficam com nada”, explanou.Se os R$ 2,4 bilhões financiados pelo BNDES para a Suzano Bahia Sul Celulose "fossem aplicados em outro modelo de desenvolvimento, mais sustentável, que agregue mais valor ambiental à região e inclua a sociedade, representaria possibilidades de outro tipo de melhoria da qualidade de vida das pessoas, de emprego e renda", defende Cunha.A empresa defende-se afirmando que a exportação de U$ 500 milhões anuais em eucalipto gera entrada de dólares para o Brasil. Segundo o BNDES, a expansão da produção poderá estabelecer uma grande parceria com os pequenos proprietários rurais, que poderão se transformar em fornecedores de madeira para a unidade industrial da Suzano Bahia Sul Celulose na localidade de Mucuri."É um setor como outro qualquer", defende diretor das Áreas de Inclusão Social e de Crédito do BNDES, Élvio Gaspar. "É uma das nossas vocações, como está parecendo ser no país a indústria do petróleo, a indústria naval, o turismo”. Segundo Gaspar, “a gente não pode inventar". "Acho que não seria uma boa ação gerencial no país, para dizer o mínimo, se ele buscasse inventar vocações. Ele possui vocações e todas elas são muito boas. Se a gente conseguir desenvolver essas vocações, nós não só estamos nos preparando melhor para a disputa internacional, como também estamos conseguindo gerar riqueza. Nós temos que aproveitar nossas vocações e, certamente, papel e celulose é uma delas”.