Aquecimento deve prejudicar biodiversidade, diz pesquisador do IPCC

10/02/2007 - 16h03

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O aquecimento global deve causar uma grande perda de biodiversidade da floresta Amazônica. A avaliação é do professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, pela sigla em inglês), Paulo Artaxo.O professor afirma que, segundo as previsões do IPCC, a elevação da temperatura na área da floresta deve ser maior que o aumento estimado para o resto do planeta. O acréscimo neste século na floresta poderá chegar a até 5oC, enquanto a elevação da média mundial será da ordem de 3 graus centígramos.Para Artaxo, por se tratar de um ecossistema extremamente sensível a variações de temperatura e de chuvas, um aumento da temperatura desse porte deve fazer com que grandes porções da floresta se tornem área de cerrado, vegetação predominante na área central do país, um processo conhecido como savanização."Toda a região sul da floresta Amazônica na interface entre o cerrado e a floresta em si, norte do Mato Grosso e Goiás, vai sofrer um processo de savanização muito intenso. As chuvas vão diminuir, a estação seca vai aumentar, o que pode agravar a questão das queimadas, e com isso, o ecossistema deixa de ter capacidade de sustentar uma floresta tropical como nós conhecemos hoje", diz.O professor ressalta que a maior colaboração brasileira com o processo de aquecimento global advém sobretudo das queimadas, ocorridas na própria floresta amazônica. Das emissões brasileiras de gases que produzem efeito estufa, 75% são devido a queimadas na Amazônia e somente 25%, a emissões industriais e do setor de transporte."A mudança ocorrerá com uma perda de carbono muito grande, com uma perda de biodiversidade enorme, e efeitos muito significativos no ecossistema brasileiro", afirma Artaxo. "Para o Brasil reduzir as suas emissões de gás de efeito estufa, é absolutamente essencial que haja uma redução da taxa de queimadas na Amazônia", acrescenta.