Movimentos sociais da África e América buscam plano comum de ações

19/01/2007 - 6h49

Daniel Merli
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um processo de diálogo entre movimentos sociais da África e América Latina, iniciado há dois anos, deve oferecer seu primeiro resultado neste final de semana. Após três reuniões nos dois continentes, as organizações devem chegar a uma agenda comum de lutas nesta próxima edição do Fórum Social Mundial, que começa sábado (20), em Nairóbi, no Quênia.O projeto batizado de People's Dialogue (Diálogo dos Povos) demorou a tomar corpo pela falta de tradição de laços Sul-Sul, segundo Moema Miranda, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). “Pelo peso de nossas formações coloniais, ainda pensamos muito o mundo na relação Norte-Sul. Sabemos mais a história da Europa do que da África”, afirma.No encontro que vão fazer domingo (21) as organizações participantes do Diálogo dos Povos querem chegar a um plano mínimo de ações. “Essas organizações vivem situações muito semelhantes, tanto na África quanto na América Latina”, destaca Moema. “Queremos fechar alguns assuntos principais que possam ser uma ação comum nos dois continentes”.Nas reuniões preliminares, realizadas no Brasil e África do Sul, alguns assuntos em comum se destacaram, segundo a diretora do Ibase. “A ação das multinacionais, a privatização, o desrespeito às comunidades de pescadores, a concentração fundiária, os transgênicos são problemas em todos os países desses continentes”, lista Moema.Entre tantas realidades semelhantes, a luta contra as transnacionais deve ser o tema principal escolhido no encontro do Diálogo dos Povos em Nairóbi, acredita a diretora do Ibase. “Esse tema agrega uma série de outros. As transnacionais vêm explorando reservas naturais de água nesses países, levando transgênicos e, geralmente, ainda recebem apoio dos governos locais”.