Rompimento de barragem em Minas foi "perigo anunciado", diz professor

11/01/2007 - 9h59

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O rompimento da barragem da mineradora Rio Pomba Cataguases, queprovocou o vazamento de lama de bauxita em rios da região de Miraí, naZona da Mata mineira, e do noroeste fluminense, foi classificado comoum “perigo anunciado” pelo coordenador de Recursos Hídricos doDepartamento de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro,Paulo Canedo. A barragem rompeu na madrugada de ontem (10) por estarmuito cheia por conta das intensas chuvas na região. “É umdescaso das pessoas que ali estão porque uma barragem que vai enchendopela chuva, claro que não enche de uma hora para outra. Se tiver omínimo de responsabilidade, você contorna o problema, vê que vaienchendo. O perigo é anunciado, os alarmes são tocados. Só se deixaocorrer o acidente porque há uma completa falta de cuidado”, disse ementrevista à Rádio Nacional.Esta não foi a primeira vezque a mineradora causou acidentes no meio ambiente. Por conta dareincidência, a empresa foi interditada definitivamente. O vazamento dabarragem deixou 100 pessoas desabrigadas e 4  mil desalojadas naregião.Paulo Canedo explicou que a lama de bauxita que vazou dabarragem está no rio Fubá, que deságua no Muriaé que, por sua vez,deságua no rio Paraíba do Sul, que abastece grande parte do Rio deJaneiro. “Ela não atingiu ainda o rio Muriaé porque ele está cheio porcausa das enchentes na região. Como tem chovido muito e os rios estãocheios, a diluição desse poluente é grande. Esse é o lado bom desseacidente”, explicou. “O lado ruim é que estando os rios cheios, impedeque lancemos uma onda proposital no Paraíba do Sul que empurre essapoluição direto para o mar. Quanto menos tempo ela ficar no rio,melhor. Se fizer uma onda grande, pode causar alguma inundação nasmargens”, acrescentou.Canedo disse que o abastecimento de águana região do norte fluminense pode ficar prejudicado durante um ou doisdias, quando as empresas de captação de água fecham a captação durantea passagem da lama passa pelo rio. “Não vai causar mal a ninguém, amenos no sentido que vai ficar sem abastecimento público durante um oudois dias”, explicou.