Para secretário, redução da cota de tela não afetará presença do filme brasileiro no mercado

10/01/2007 - 6h18

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A redução do número mínimo de exibição obrigatória de filmes brasileiros nas salas de cinema não afetará a presença do produto no mercado nacional, já que em várias ocasiões os exibidores ultrapassam a cota mínima. A avaliação é do secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna.Ele explicou que a exibição compulsória de filmes brasileiros, determinada anualmente por decreto, foi reduzida em função do encolhimento do setor de cinema no país. “Esses cálculos são feitos para que estejam equilibrados com o comportamento do mercado. E o mercado caiu cerca de 3% entre 2005 e 2006. Não exatamente o mercado do cinema brasileiro, mas o mercado de exibição de cinema no Brasil, de uma maneira geral”, disse.Decreto de 28 de dezembro estabeleceu que em 2007 a chamada cota de tela, mecanismo que define um mínimo de exibição de filmes brasileiros por sala, será de 28 dias para exibidores que têm apenas uma sala. O decreto determina ainda um número mínimo de títulos a serem exibidos, que são dois no caso de uma sala. No ano passado, a cota de tela foi de 35 dias para salas únicas. O mecanismo aumenta gradativamente, de acordo com o número de salas por complexo, e atinge, em 2007, o número de 644 dias para um complexo de 20 salas, onde devem ser exibidos pelos menos 11 títulos ao longo do ano.A exibição de filmes nacionais também diminuiu em 2006. De acordo com Senna, a ocupação do mercado nacional por filmes brasileiros foi de 12,60% em 2005 e de 12,30% em 2006. Foi com base nesses índices (o da redução do mercado como um todo e o da ocupação no mercado por filmes produzidos no país) que a Agência Nacional de Cinema (Ancine) reduziu a cota de tela para este ano. Espécie de reserva de mercado, a cota de tela existe desde a década de 30, justamente para garantir a exibição da produção nacional e provocar, indiretamente, o interesse pelo filme brasileiro. “Todos os especialistas afirmam que a cota de tela é um dos fatores importantes para o aumento da produção brasileira e também do interesse pelo filme brasileiro por parte do público”, observou o secretário. Segundo ele, tanto a produção quanto a audiência dos filmes nacionais aumentou 150% nos últimos quatro anos. Orlando Senna destacou ainda que, embora tenha havido uma pequena retração no mercado em 2006 em relação a 2005, o número de estréias foi de 65 títulos no ano passado, número bem maior que em 2002, quando 30 filmes brasileiros foram lançados no mercado. Estima-se que 2007 terá pelo menos 70 estréias de filmes brasileiros.Ainda sem os dados de 2006 consolidados, Orlando Senna está certo de que, como em outros anos, a presença do filme brasileiro terá superado a cota de tela. “A cota de tela é apenas uma reserva de mercado de garantia. É um piso de exibição de filmes brasileiros. Quando o mercado supera esse piso, ótimo. É possível que isso tenha acontecido em 2006 e é o que esperamos que aconteça em 2007”, disse.