Pesquisador aponta confinamento em "terras minúsculas" como causa para morte de índios em MS

09/01/2007 - 21h22

Aline Bravim
Da Agência Brasil
Brasília - Segundo levantamento preliminar do Conselho Indigenista Missionário divulgado semana passada, as terras guarani-kaiowá do Mato Grosso do Sul têm hoje um índice de assassinatos que é praticamente o dobro da média nacional, quase igual ao de capitais como o Rio de Janeiro e superior ao de São Paulo. Para o antropólogo Rogério Páteo, da Universidade de São Paulo, a causa de tamanha violência é uma só: o "confinamento" a que os índios estão submetidos no estado.“A gente vê uma degradação muito grande das condições sanitárias e das possibilidades de sustentação econômica. Os grupos estão confinados em terras minúsculas”, diz Páteo, que, há cinco anos, realizou pesquisa sobre o aumento da violência após o contato com os brancos entre os índios Yanomami, de Roraima.O pesquisador disse acreditar que outro complicador para os Guarani-Kaiowá é o fato de que várias das terras indígenas do grupo estão localizados perto das cidades da região de Dourados (MS), o que propicia contato mais fácil com armas e bebidas alcoólicas, por exemplo. “É um cenário extremamente caótico, em decorrência do contexto onde esses grupos estão inseridos”, afirma ele. “A solução começa em rever essas demarcações minúsculas, porque não há saída para o problema com essa população indígena confinada em áreas onde não há chance de subsistência”, diz o pesquisador, sobre as perspectivas para os Guarani de Mato Grosso do Sul.