Representante de Comércio americana defende encontros informais para negociar regras internacionais mais justas

06/01/2007 - 11h19

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As negociações em torno de regras mais justas no comérciointernacional devem ser costuradas em encontros informais na avaliação darepresentante de Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, que se reuniu nestasemana com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim.Na próxima segunda-feira, ela tem encontro marcado com ocomissário europeu de Comércio, Peter Mandelson. “Quanto mais conversas destetipo tivermos, melhor. Elas representam a melhor oportunidade que temos paraencontrar um caminho para o sucesso da rodada Doha”, afirmou em coletiva àimprensa, na última quarta-feira, em Nova Iorque, após reunião com Amorim.Segundo Schwab, nos últimos meses tanto ela quanto Amorimmantiveram contatos produtivos com outros membros da Organização Mundial de Comércio.“Avançamos em muitas questões técnicas que não são necessariamente visíveis”,revelou. Ministros do Brasil, Estados Unidos, União Européia, Japão, Índia eAustrália devem se reunir no final do mês em Davos na Suíça, paralelamente aoFórum Econômico Mundial, em mais uma tentativa de destravar as negociações.A Rodada Doha foi lançada na 4ª Reunião Ministerial daOrganização Mundial do Comércio (OMC) em Doha/Catar em 2001, com a proposta deser a rodada do desenvolvimento. A rodada, que deveria durar 3 anos, nãoavançou na 5ª Reunião Ministerial, em 2003 em Cancun/ México. Durante a 6ª Reunião Ministerial, realizada em Hong Kong, emdezembro de 2005, os quase 150 países membros da OMC acordaram um novocalendário e estabeleceram o final de 2006 como data limite para a conclusão darodada. As negociações foram interrompidas em julho de 2006 devido a impassesem questões técnicas relacionadas a acesso a mercados e subsídios agrícolasdomésticos. Desde então, ocorreram apenas contatos bilaterais entre os membros.As conversas multilaterais foram retomadas em novembro,pelos chefes de delegações, em reunião informal do Comitê de NegociaçõesComerciais da OMC. Na ocasião, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy assegurouque, em seus contatos com representantes de todos os níveis, ficou claro odesejo geral de se voltar rapidamente à mesa de negociação.“Se reafirmou constantemente, em todos os setores, a vontadepolítica de concluir a rodada. Os principais atores anunciaram, em termosgerais, novas flexibilidades. O desafio consiste em traduzir a vontade políticae esses sinais de flexibilidade em mudanças de posição substantivas,necessárias para desbloquear o processo”, afirmou.“O fracasso pode estar na esquina, mas nada dos obriga adobrar essa esquina. Se todos contribuírem e desempenharem suas funções,podemos nos manter no caminho em direção a uma conclusão satisfatória da rodadano próximo ano”, concluiu Lamy. Caso não seja concluída até o meio do ano, no entanto, aRodada Doha corre o risco de ficar suspensa at[e as eleições para presidênciados Estados Unidos, em 2008. Isso porque em primeiro de julho vence a TPA(Trade Promotion Autority ou Autoridade para a Promoção Comercial), permissãoconcedida pelo Congresso americano ao Executivo para negociar acordoscomerciais. Caberá ao Congresso renová-la ou não. Especialistas acham poucoprovável sua renovação uma vez que a maioria no Congresso, agora, é dosdemocratas – além de mais protecionistas que os republicanos em questõesagrícolas, os democratas podem querer dar o troco aos republicanos, que nãorenovaram o mandato negociador do ex-presidente democrata Bill Clinton. Celso Amorim e Susan Schwab, porém, mantém o otimismo. “Aquestão é menos quem ganhou e, mais, que tipo de acordos comerciais estamos discutindo”,disse Schwab aos jornalistas. “Nenhum Congresso, controlado por republicanos oudemocratas, aceitaria um pequeno resultado na rodada de Doha”, avaliou. ParaAmorim, a maioria democrata não é obstáculo às negociações. “Não vejo oresultado das eleições nos Estados Unidos como um obstáculo para a conclusão darodada”, afirmou o chanceler brasileiro. “Acho que é perfeitamente possível teruma política comercial que esteja acima dos partidos”.