Em ano de recorde, recursos da poupança batem os do FGTS no financiamento da habitação

06/01/2007 - 15h58

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No ano em que os recursos destinados para a compra da casaprópria atingiram seu maior valor, a participação dos contratos com base nacaderneta de poupança ultrapassou, pela primeira vez, a do Fundo de Garantia doTempo de Serviço (FGTS) no financiamento do setor. Representou perto da metade do total, o que traduz umamudança no perfil dos financiamentos habitacionais, já que essa modalidadecostuma atender a faixas mais altas de renda.Em 2006, os investimentos imobiliários para a redução dodéficit habitacional totalizaram R$ 19,45 bilhões, segundo a Secretaria deHabitação do Ministério das Cidades – volume 40% superior aos R$ 13,82 bilhõesdestinados ao setor em 2005 e mais que o dobro dos R$ 9,14 bilhõesdesembolsados em 2004. A Associação Brasileira das Entidades de CréditoImobiliário e Poupança (Abecip) estima que o volume de desembolso nosfinanciamentos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE) –realizado com recursos da caderneta – tenha sido responsável por desembolsos deR$ 9,3 bilhões no ano, quase o dobro dos R$ 4,85 bilhões registrados em 2005.Até novembro, foi de R$ 8,4 bilhões, de acordo com a entidade.Já osfinanciamentos pelo Fundo de Garantia somaram R$ 7,3 bilhões até 28 dedezembro, o que indica crescimento bem mais modesto. Em relação a 2005, quandoforam desembolsados R$ 5,5 bilhões, o aumento foi de 31%. Os dados são doMinistério das Cidades e da Caixa Econômica Federal.Quanto aonúmero de unidades, no entanto, o FGTS ainda lidera. Até outubro, 315 milimóveis haviam sido financiados pelo fundo, enquanto os contratos com recursosda poupança foram destinados a 90 mil domicílios. Os dados, no entanto, mostramque o volume de financiamentos pelo Fundo de Garantia cresce em ritmo menor.Nos dez primeiros meses de 2006, a quantidade de residências adquiridas peloSBPE aumentou 114%, ao passo que o número de contratos fechados pelo FGTS subiu34%.A comparaçãodo valor médio dos financiamentos nas duas modalidades revela a diferença noperfil e no público alvo dos agentes financeiros. Nos contratos com recursos dapoupança, o desembolso por unidade é de R$ 82 mil, enquanto nos contratosrealizados com recursos do FGTS o valor médio é de R$ 20 mil.Com prazo deaté 20 anos, os dois tipos de contrato trabalham com limites distintos de rendae de financiamento. O SBPE usa recursos da caderneta de poupança para financiaraté 80% da compra de imóveis avaliados, no máximo, em R$ 350 mil. Nessamodalidade, não há limite de renda familiar. Operada pela Caixa, a Carta deCrédito do FGTS se destina a famílias com renda de até R$ 4.900. Esse contratofinancia a aquisição de imóveis avaliados entre R$ 72 mil e R$ 80 mil. Para osmutuários das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília,os valores vão de R$ 80 mil a R$ 100 mil. Nessa modalidade, as prestações nãopodem superar 30% da renda familiar mensal.