Ministro prevê recuperação do setor agrícola em 2007

06/12/2006 - 21h03

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise vivida pelo setor agrícola nos últimos dois anos não deve se repetir em 2007, acredita o ministro da Agricultura, Luiz Carlos Guedes. A previsão, fundamentada  na ampliação da área cultivada e no aumento da venda de insumos nos últimos meses, é de crescimento de 1 a 2% na safra. “Felizmente, em face de um conjunto de fatores, é possível dizer que ainda no final de 2006 está clara a recuperação do setor. Nesse sentido, nossa expectativa é que 2007 será um ano bastante positivo para a agricultura brasileira”, afirmou nesta quarta-feira. Nos últimos dois anos, o setor agrícola passou por uma de suas piores crises pela conjugação de situações como a seca de 2004 e 2005, a queda nos preços internacionais dos principais produtos que o Brasil exporta e a valorização do real frente ao dólar, que ocasionou queda na renda dos produtores. Segundo o ministro, o socorro financeiro dado pelo governo federal é um dos fatores que está permitindo a recuperação do setor. “Houve um forte apoio do governo federal com a prorrogação das dívidas no limite de até R$ 20 milhões e o apoio muito significativo à comercialização dos produtos agropecuários”, lembrou o ministro. Em reunião conjunta do Conselho Nacional de Política Agrícola e do Conselho Nacional do Agronegócio, em Brasília, Luiz Carlos Guedes falou sobre os desafios para os próximos quatro anos. Um dos mais importantes, na sua avaliação, é a necessidade de construção de um novo modelo para a política agrícola brasileira. “Nossa política agrícola hoje é muito reativa. Quando surgem crises, é uma demanda muito forte sobre o governo e que tem um alto custo para a sociedade como um todo”, avaliou o ministro. “Temos que caminhar na direção de uma política agrícola ativa, através da qual possamos colocar à disposição de nosso produtor mecanismos como seguro rural, mercado futuro e outros”, exemplificou. Outra medida importante nesse novo modelo de política agrícola, de acordo com Guedes, seria o desenvolvimento de mecanismos e, até mesmo, instrumentos legais para tornar menos desigual a relação entre os produtores e os conglomerados que compram sua produção e permitir a melhor distribuição da riqueza gerada pelo setor. Segundo o ministro, esse conjunto de ações reduziria o ônus sobre o Tesouro e daria tranqüilidade e estabilidade de renda  aos produtores. Questão que igualmente será prioridade para o Ministério da Agricultura, nos próximos quatro anos, é o controle sanitário animal e vegetal.”E um tema que exige, continuamente, ações do Ministério da Agricultura e atuação integrada com as secretarias de Agricultura dos estados e com os produtores rurais”, destacou. Também serão prioritários temas como o investimento em pesquisa agropecuária, o incentivo ao cooperativismo e o associativismo e a intensificação das negociações internacionais, já que a Agricultura é o tema principal da atual rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio.O ministro também enumerou as principais ações do ministério da Agricultura nos últimos quatro anos - entre elas, o diálogo com o setor por meio da criação de 30 câmaras temáticas, a duplicação das exportações agropecuárias brasileiras, a recuperação do orçamento para defesa sanitária e o crescimento dos recursos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que em 2006 executará, pela primeira vez, um orçamento de mais de um bilhão de reais.