Crescimento menor da indústria é natural em outubro, avalia economista

06/12/2006 - 18h37

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A produção industrial brasileira, que cresceu 0,8% em outubro, de acordo com dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), encontra-se agora em um período de baixa, uma vez que o pico de produção ocorreu entre julho e setembro para entrega dos produtos para o varejo no 4º trimestre do ano. A análise foi feita à Agência Brasil pelo professor de Mercado Financeiro e Economia Brasileira da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite. “Agora, é natural que esses dados sejam pequenos e que o ritmo de crescimento diminua”, disse o economista.Nos últimos 12 meses, o aumento da produção industrial atinge 2,7%, segundo o IBGE. Alcides Leite considera viável que  a indústria  encerre o ano de 2006 com um crescimento entre 2,7% a 3%. “É uma taxa de crescimento pequena, uma vez que o Produto Interno Bruto (soma de todas as riquezas do país) vai ter mais ou menos esse número também. E a demanda está crescendo mais do que a oferta”, destacou.Embora o crescimento da indústria em outubro tivesse ficado menor que o desejado, alguns setores, como bens de consumo duráveis, mostraram expansão. Bens duráveis aumentou 6,8% nos últimos 12 meses, puxado por automóveis e eletroeletrônicos, devido à queda dos juros e ao aumento do crédito ao consumidor. O dado positivo da pesquisa do IBGE, na avaliação do economista, é que houve um crescimento nos últimos 12 meses de 5,5% em bens de capital. “Com isso, é previsto para o ano que vem uma maior capacidade de produção para ajustar a oferta à demanda e não causar pressão inflacionária”, disse Leite.O professor da Escola de Negócios analisou também que o crescimento industrial aquém do esperado influenciou na redução da projeção do PIB de 3,3% para 2,8%, anunciada ontem (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para um crescimento de 4%, como se esperava, precisaria que a indústria crescesse pelo menos 5%. Agora, a indústria crescendo 3%, o PIB deve estar um pouco abaixo disso, entre 2,8% a 3%”, afirmou Alcides Leite.Para o próximo ano, ele acredita que poderá haver  uma retomada da produção industrial. Pelo lado da demanda,  Leite aposta que deve ter crescimento na indústria porque a queda na taxa de juros chega na ponta para o consumidor, aumentando o volume de crédito e também o prazo médio de financiamento. A conseqüência desse movimento é o aumento do consumo interno.Pelo lado da oferta, o professor afirmou que a taxa de crescimento de bens de capital de 5,5%, que deve fechar o ano por volta de 6%, ajuda também a ampliar a oferta, isto é, a capacidade de produção. “Então, eu acho que para o ano que vem os resultados  da indústria serão melhores do que este ano. Devem chegar por volta de 4% a 5%”, concluiu o especialista.