Juliane Sacerdote
Da Agência Brasil
Brasília - “Tem que ser feita uma reforma consistente que mexa nas duas pontas, tanto na contribuição quanto nos benefícios. Reduzir apenas o valor das contribuições não é suficiente porque há perda de receita e o déficit da Previdência aumenta” avaliou hoje (4) o professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, André Portela.Em entrevista à Rádio Nacional, o professor analisou a situação das contas da Previdência Social. Ele explicou que, a partir de 1996, o déficit cresceu gradativamente ao longo dos anos. “Tantas regras resultaram na situação desigual de hoje. Os trabalhadores, com carteira assinada, pagam para receber seus benefícios e pagam para os que não contribuíram também recebam. É um sistema desigual, distorcido. Então não adianta retirar as pessoas que não contribuem, porque ainda fica um desequilíbrio por conta dos trabalhadores informais” destaca.Questionado sobre a questão por tempo de serviço, Portela destacou que o Brasil é uma exceção, pois gasta cerca de 12% do PIB (Produto Interno Bruto) com as contas da Previdência, enquanto países com a mesma proporção de pessoas acima de 65 anos, gastaria em torno de 5%. “O número de aposentadorias precoces, ou seja, por volta dos 50 anos é grande. Mas essas pessoas continuam a trabalhar em outras atividades. A aposentadoria é um seguro contra a queda de renda na velhice, mas pessoas nessa faixa etária, de 50 anos não podem ser consideradas idosas” enfatizou.Ainda segundo o professor de economia, o déficit da previdência é grande, os gastos são altos e as formas de financiá-los estão criando distorções no mercado de trabalho e de crédito. Ele acredita que o governo, junto a sociedade civil, deve discutir o tema e enfrentar o problema, antes que ocorra a quebra da Previdência Social.