Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os dois países com maior crescimento econômico na América Latina também são os que tiveram redução mais forte dos índices de pobreza nos últimos seis anos. Na Argentina, o total de pobres caiu de 45% entre 2000 e 2002, para 26%, entre 2003 e 2005. O volume de miseráveis caiu de 21% da população para 9%. Mas o país ainda não conseguiu voltar aos patamares do período 1998-1999, quando registrava 23,7% de pobres e 6,6% de indigentes.Na Venezuela, os percentuais de pobres e miseráveis baixaram de 48% e 22% para 37% e 16%, ambos menores que os registrados no período 1998-1999, que foram 49,4% e 21,7%. Os dados fazem parte do relatório Panorama Social da América Latina 2006, divulgado hoje (4) em Santiago, Chile, pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), órgão da Organização das Nações Unidas.O documento da Cepal registra um “grande avanço” na redução da pobreza e da miséria no continente e conclui que “é possível inferir que um grupo amplo de países tem alta probabilidade de alcançar a primeira meta de Desenvolvimento do Milênio”, que é de reduzir pela metade a porcentagem de suas populações miseráveis até 2015. Apenas Brasil e Chile já alcançaram sua meta.A Cepal considera pobres as famílias ou pessoas com renda insuficiente para garantir sua alimentação e outras necessidades básicas e, dentro desse primeiro grupo, destaca aquelas que não conseguem sequer arcar com sua alimentação, consideradas miseráveis ou indigentes.Três países na região destacam-se por registrar índices extremos de populações pobres ou miseráveis. Honduras aparece na primeira posição com 74,8% de pobres e 53,9% de miseráveis, seguida por Bolívia (com 63,9% e 34,7%, respectivamente) e Paraguai (com 60,5% e 32,1%).O relatório destaca que em vários países do continente houve uma queda “ostensiva” desses indicadores e destaca o Equador, onde o total de pobres caiu 18,3 pontos percentuais e o de miseráveis outros 14.2 pontos a partir dos dados de 1998/1999.O Brasil aparece com 37,5% de pobres, dos quais 12,9% de miseráveis em 1998/1999. Nos dados de 2000/2002, não há qualquer avanço na pobreza (37,5%) e a participação dos miseráveis aumenta para 13,2%. Nos dados de 2003/2005, a parcela mais pobre cai para 36,3% e a de indigentes baixa 2,6 pontos, para 10,6%.O relatório anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), "World Economic Outlook", prevê que os dois países continuarão tendo os maiores crescimentos econômicos do continente. O país que mais deve crescer na América Latina, segundo o FMI, é justamente o que rompeu um acordo com a organização, em 2001. Depois de crescer 9% no ano passado, a Argentina deve manter o ritmo: 8% em 2006. Em segundo lugar, vem a Venezuela. Após crescer 18% em 2004 e 9% em 2005, o país governado por Hugo Chávez deve ter crescimento de 7,5% este ano.Os dois países com maior crescimento, também devem conviver com as inflações menos baixas da América Latina. Inflação de 12% ao ano, tanto para venezuelanos quanto para argentinos. Já o Brasil deve ter uma das cinco menores inflações da região.