ONU quer evitar troca de "desnutrição por má alimentação"

04/12/2006 - 17h06

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os programas de garantia de renda mínima em países latino-americanos têm de ser acompanhados de orientações sobre as formas mais saudáveis de alimentação, propõe o órgão das Nações Unidas (ONU) para agricultura e alimentação (FAO, pela sigla em inglês). “Estamos trocando desnutrição por má nutrição”, afirma José Graziano, representante regional da FAO para América Latina e o Caribe.Graziano afirma que pesquisas comprovam que famílias atendidas por programas de renda mínima têm aumentado o consumo por alimentos não saudáveis, como doces, comidas pré-preparadas, frituras e refrigerantes. O representante da FAO afirma que a saída para evitar a má nutrição é valorizar alimentos regionais, como o feijão no Brasil, por exemplo. Ele afirmou ainda que é mais barato para os países adotar  políticas de prevenção do que gastar com saúde e com a baixa produtividade, gerada por doenças.O tema está em discussão hoje (4) e amanhã o Seminário Internacional sobre Transferência Condicionada de Renda e Segurança Alimentar, em Santiago, no Chile. O encontro acontece em conjunto com a FAO e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).Graziano, que foi um dos autores do Programa Fome Zero, acha que o Brasil tem conseguido aliar a transferência de renda com outros programas. “O Brasil está na dianteira. Está entre os países líderes de segurança alimentar na América Latina e no mundo”, afirmou. Além de a segurança alimentar, o representante da FAO enfatiza que é importante integrar projetos de capacitação profissional e geração de emprego.As conclusões do seminário estarão em um relatório, com recomendações sobre segurança alimentar para os países participantes. O documento deve ser entregue aos países em janeiro de 2007.