Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O quadro O Caçador de Passarinhos, de Cândido Portinari, foi doado, hoje (9), pela Receita Federal ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. A obra foi apreendida, em dezembro do ano passado, durante operação no Porto de Santos, no litoral paulista.De acordo com a Receita, a pintura veio de Miami, nos Estados Unidos, para o Brasil em um contêiner que trazia outras mercadorias, todas falsamente declaradas como produtos químicos.Para o ministro da Cultura, Gilberto Gil, a recuperação de O Caçador de Passarinhos representa uma importante contribuição à cultura do país. “É um gesto importantíssimo da Receita Federal, ao compreender que seu trabalho tem também responsabilidade com a dimensão cultural do país, e não só com a vida fiscal e financeira do estado. Demonstra a preocupação da Receita em destinar uma obra de arte ao melhor abrigo, que é um museu importante como este”, disse Gil, durante a solenidade que marcou a doação.O pintor Cândido Portinari foi freqüentador assíduo do prédio que agora passa a abrigar a obra. A diretora do museu, Mônica Xexéo, explicou que o edifício onde hoje funciona o MNBA foi sede até 1937 da Escola Nacional de Belas Artes, da qual Portinari foi aluno.“Foi por aqui que ele circulou, conviveu, formou e lapidou seu olhar e sua sensibilidade artística. É por isso que a chegada desta obra representa uma volta ao lar”, disse Mônica Xexéo. Ainda de acordo com ela, o quadro, que é uma pintura em óleo sobre madeira do ano de 1958, marca a quarta e última fase do artista. Foi nessa época que ele deu ênfase a temas ligados à infância. Portinari faleceu poucos anos depois de ver a obra pronta, em 1962, vítima de intoxicação pelas tintas que utilizava. Há 20 anos, o museu não recebia uma obra do artista, natural de Brodósqui, no interior de São Paulo. Além de outras sete obras de Portinari, o acervo do museu conta com mais de 50 mil peças, entre pinturas, esculturas, bibliografias e obras documentais.