Lula nega querer dividir ricos e pobres e diz preferir sociedade "de ricos"

07/10/2006 - 21h50

Juliana Cézar Nunes e Marcela Rebelo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília/Salvador - Ocandidato à reeleição para a Presidência da República, Luiz Inácio Lula daSilva (PT/PCdoB/PRB), afirmou hoje que seu objetivo é fazer o Brasil se tornaruma sociedade sem pobres e não que haja uma divisão no país. “Eu não querofazer a divisão entre ricos e pobres, até porque não fui eu quem dividiu asociedade entre pobres e ricos. Eu, na verdade, o que quero é uma sociedade sempobres”, disse. “Sefosse possível construir uma sociedade sem pobres, uma sociedade só com rico,seria muito melhor”, afirmou Lula, durante visita a um comitê de sua campanha,na rodoviária de Brasília. Sob chuva, cerca de 800 a mil pessoas compareceramao evento, segundo a assessoria da campanha. No primeiroturno, Lula obteve mais de 11 milhões de votos de vantagem sobre seu adversáriotucano, Geraldo Alckmin, nas regiões com a maior porcentagem de pessoas pobresdo país, o Nordeste e o Norte. Em contrapartida, Lula foi derrotado na maioriados estados do Centro-Sul, onde se concentra a maior parte do Produto InternoBruto (PIB) do país. Lulaafirmou que é preciso governar o país “para toda a sociedade”. E disse que oBrasil, em sua história, construiu uma “dívida social”, com os índios, depoiscom os escravos e, finalmente, com os trabalhadores. “Lamentavelmente uma partedas pessoas que governaram o Brasil imaginavam governá-lo apenas para um terçoda sociedade.” Lulatambém conclamou os militantes de sua campanha a realizar um “debate” com todaa população brasileira sobre seu governo. “É preciso que a gente não descanse,é preciso que a gente ocupe cada metro quadrado do território nacional, que agente possa debater com o povo brasileiro o que nós fizemos nesse governo, oque nós pretendemos fazer daqui para a frente”, disse. Ontemà noite, cerca de 20 mil pessoasparticiparam, em Salvador, do comício organizado pela campanha de Lula. Oevento ocorreu em um ponto da cidade muito conhecido pelos turistas e símbolodo carnaval baiano: o Farol da Barra. No palanque repleto de políticos locais, Luladiscursou durante 40 minutos. ``A eleição agora é uma eleição pra valer. Agoravai ter dois debates, cada partido vai ter 10 minutos na televisão, vai termais entrevistas e o povo vai poder entender quem é quem na história dessepaís´´, afirmou o candidato petista. Ele afirmou que a disputa do segundo turnovai explicitar o preconceito no país contra os nordestinos. ``Vocês vãoperceber o preconceito contra o nordestino. Porque eles pensam que o nordestinosó presta pra ser servente de pedreiro. Eles ainda não descobriram quenordestino, além de pedreiro, quer ser engenheiro.” Lula destacou dados de programas de seugoverno que têm criado universidades, extensões universitárias e escolastécnicas públicas no Nordeste. Além da expansão do ensino, Lula falou sobrefeitos de seu governo como o aumento do salário mínimo, o controle da inflação,o pagamento da dívida do país com o Fundo Monetário Internacional e programasem áreas como saúde, transferência de renda e energia elétrica. De acordo com o Ministério do DesenvolvimentoSocial, em setembro deste ano, havia 1,4 milhão de famílias recebendo o BolsaFamília na Bahia. É o estado brasileiro com o maior número de beneficiados peloprograma, que atende 11,1 milhões de famílias no país. Em Salvador, o candidato à reeleiçãopresidencial ainda comemorou a vitória em primeiro turno do candidato petista,Jaques Wagner. Lula disse que sempre defendeu a existência de segundo turno naseleições porque vê nele a possibilidade de o candidato eleito obter uma votaçãomais expressiva e, com isso, partir para um mandato em condições de unir forçaspolíticas e ter governabilidade.