Deputada mais votada do país tem 25 anos e será a segunda parlamentar mais nova da Câmara Federal

07/10/2006 - 17h59

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Quando saiu o resultado da apuração no Rio Grande do Sul, a atual vereadora de Porto Alegre Manuela Pinto Vieira D’Ávila (PCdoB) conta que não acreditou no que viu. A meta de alcançar 100 mil votos para deputada federal foi superada em quase três vezes. Com 271.939 mil votos, ela tornou-se a mulher mais votada para a Câmara dos Deputados em todo o país. “Esse tipo de coisa, não tem como a gente prever”, conta ela. Com trajetória política calcada na liderança estudantil, a nova deputada tem 25 anos e será a segunda parlamentar mais jovem do Congresso. “Viajei por todo o estado e cheguei passar 20 horas seguidas pedindo votos”, relembra. Manuela teve votos em todas as regiões do estado. Em PortoAlegre e na região metropolitana, somou 175 mil votos. No interior, foram 100 mil votos.Segundo a página da vereadora na internet (www.eaibeleza.com.br, em alusão ao cumprimento habitual que apresentava no horário eleitoral, "E aí, beleza?") mostra que a prioridade de Manuela é a juventude. Mesmo assim, ela afirma que fará propostas para outros grupos sociais. “Minhas propostas são voltadas para o desenvolvimento e atingem pessoas de qualquer idade.”No Congresso, Manuela pretende lutar pelas reformas política e universitária e pela manutenção dos direitos dos trabalhadores, além de defender os direitos humanos e o respeito à diversidade. “Essas são bandeiras do meu partido e comigo não poderia ser diferente.”Para Manuela, a experiência na Câmara será um grande aprendizado. “É na luta que a gente se prepara”, explica. “Quando entrei na UNE [União Nacional dos Estudantes], mal sabia usar um megafone.”Filha de um professor universitário e de uma juíza, Manuela nasceu em Porto Alegre. Por causa da profissão da mãe, morou em diversas cidades do interior e voltou para a capital gaúcha aos 14 anos.Formada em Jornalismo numa universidade particular e estudante de Sociologia na universidade pública, Manuela conta que entrou na militância estudantil para protestar contra o sucateamento das universidades públicas e as altas mensalidades da faculdade privada. Chegou a ser vice-presidente regional da UNE e, em 1999, ingressou na União da Juventude Socialista (UJS).Filiada ao PCdoB desde 2001, deixou a UNE em 2003 para concorrer à Câmara dos Vereadores de Porto Alegre. No ano seguinte, foi eleita a mais jovem vereadora da história da cidade, com 9.498 votos. Com um gabinete itinerante que circulava pela capital gaúcha, além de assembléias e protestos contra as altas mensalidades, promoveu encontros culturais, especialmente de hip hop.“Meu trabalho na Câmara dos Vereadores e meu passado estudantil foram o que me levaram até aqui”, diz a nova deputada. Para ela, qualquer tentativa de vincular o desempenho nas urnas à sua beleza reflete uma mentalidade machista. “Por que o ACM Neto [deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA)] foi eleito por causa da competência e eu, pela beleza?”, compara. “Antes do final do ensino médio, eu era gorda.”