Pesquisadora diz que erradicação do analfabetismo em 2010 será difícil

08/09/2006 - 10h12

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A pesquisadora Jane Paiva, professora da Universidade doEstado do Rio de Janeiro (Uerj) e membro do Fórum de Educação de Jovens eAdultos do Rio, prevê dificuldades para se erradicar o analfabetismo no país até2010. Segundo ela, o Ministério da Educação (MEC) trabalha com a meta apenasporque esta é uma determinação do Plano Nacional de Educação.A professora acredita que o próprio plano, elaborado em2001, possui muitas metas que não são possíveis de executar plenamente. “OPlano Nacional de Educação é um grande plano de intenções. De onde sai odinheiro para cumprir cada uma das metas, naqueles prazos? Nunca foi dito”, questionaJane. De acordo com a especialista, a maior dificuldade não éalfabetizar o jovem e o adulto, mas garantir que ele continue tendo acapacidade de ler e escrever mesmo depois do processo de alfabetização. Isso,segundo ela, só é possível mudando-se o contexto social em que vivem aspessoas, através, por exemplo, da continuidade dos estudos e da oferta dematerial de leitura.“Não adianta você aprender a ler e a escrever e, depois, nãoter uso nenhum porque toda a cultura na sua comunidade prescinde do escrito. Aprodução do analfabetismo não se dá simplesmente pelo não acesso à escola, mastambém pela negação de vários outros direitos. É preciso garantir que essesujeito não volte a sua condição, porque muitas vezes no local onde mora elenão tem acesso a nenhum material de leitura”, disse.Segundo Jane Paiva, a maioria dos analfabetos é formada porpessoas mais idosas, muitas das quais já passaram por projetos de alfabetizaçãoe por salas de aula de ensino fundamental. “É muito difícil você encontraralguém que nunca foi à escola, a não ser nas camadas de muito mais idade. Naverdade, ele sabe que o que ele conhece sobre a língua escrita é insuficientepara dar conta daquilo que é preciso saber”, disse Jane.