Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A disposição do governo de reativar o setor decarvão mineral, aumentando sua participação na matriz energética de 2%para 5%, foi recebida com ressalvas pelo ambientalista Peter May,especialista em desenvolvimento sustentável da Universidade FederalRural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Mayalertou que a utilização do carvão mineral “vai provocar uma ampliaçãono perfil brasileiro de emissão de gases do efeito estufa”. Elecomentou que em vez de o governo investir recursos na retomada depesquisas em carvão mineral para geração de energia, ele deveriacanalizar esse esforço para a pesquisa em energia renovável.
Segundoo ambientalista, a tentativa brasileira de imprimir sua identidade comoum dos países que têm maior matriz energética de base renovável poderáser afetada negativamente com a incorporação de fontes fósseis. “Vaimudar de perfil. E dará mais argumentos para outros países criticarem oBrasil por ficar de fora de compromissos com respeito aos acordos declima – certamente isso será mais um fator negativo para o poder debarganha brasileiro relativo a acordos internacionais”, disse.
Eleadmitiu, no entanto, que existe a possibilidade, em termos de demandasinternas, de se reativar o setor de carvão mineral utilizando formasmais limpas em termos ambientais. Por outro lado, advertiu que não hácomo evitar que a queima de carvão mineral contribua para aumentar asemissões de gases causadores do chamado efeito estufa.
Oambientalista defendeu que o Brasil deve evitar queimar qualquercombustível fóssil e focar sua atenção em todas as alternativas quetenham a ver com a utilização de energia renovável. E sugeriuque, para a área siderúrgica, o país deveria estimular o plantio decarvão vegetal ou de eucalipto para fins energéticos, certificado pororganismos de desenvolvimento sustentável. Segundo May, isso eliminaboa parte do problema da poluição do ferro gusa e de emissõesassociados com o carvão mineral."Outras utilizações de carvãomineral para geração de energia deveriam ser substituídas por fontesrenováveis, procurando a reutilização de resíduos agrícolas,madeireiros e de bagaço de cana, por exemplo, que são fontessustentáveis e ainda são mal aproveitadas no país", disse.