Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Ministério da Ciência e Tecnologia pretendeinvestir cerca de R$ 3,5 milhões em pesquisas no setor de carvãomineral, cuja atividade foi reduzida desde a década de 80. Um comitêgestor foi criado para impulsionar o projeto, cuja etapa inicial é a deconsolidação dos laboratórios existentes na área.
Oobjetivo, segundo o engenheiro Antonio Campos, especialista emtratamento de minério e carvão, e representante do Centro de TecnologiaMineral (Cetem) no comitê, é ampliar a participação do produto namatriz energética, dos atuais 2% para 5% até 2015.
Essaretomada, explicou, se deve à alta do petróleo no mercado internacionale, também, aos problemas com o fornecimento do gás boliviano. Com isso,acrescentou, o governo está prevenindo um eventual "apagão" e também"preparando a independência do gás da Bolívia e do petróleo, porexemplo".
Como a pesquisanessa área ficou paralisada por muito tempo, os laboratórios terão queser atualizados e modernizados. A maioria deles está instalada no RioGrande do Sul e em Santa Catarina, detentores das maiores reservas decarvão mineral e do maior nível de produção no país, respectivamente.As reservas em toda a região Sul somam cerca de 31 bilhões de toneladasque estão, de acordo com o Cetem, intocadas há pelo menos 20anos. Campos explicou que com o fim do Programa de MobilizaçãoEnergética, na década de 80, as pesquisas de carvão mineral sofreramredução “porque não havia demanda”. E lembrou que "no governo Collor,o mercado desse carvão foi aberto para o mundo. Então, assiderúrgicas já não queriam mais saber do carvão brasileiro, cujaqualidade era pior que a do carvão importado. Por problemas detransporte, ele chegava mais caro que os concorrentes. E, com aabertura, acabou o mercado de carvão metalúrgico”.
OBrasil acabou ficando apenas com o carvão energético ou mineral, cujaprodução era destinada às usinas termelétricas, cimenteiras e àindústria de papel e celulose, entre outros usos. “Por isso é que sefala da retomada do carvão, porque o carvão metalúrgico acabou e ficousó o carvão energético”, destacou o especialista.
Osequipamentos que serão adquiridos para os laboratórios e as indústriasterão de adotar a chamada tecnologia limpa, não poluidora. SegundoCampos, o projeto prevê ainda cooperação técnica internacional etreinamento de pessoal – o Cetem dará cursos em gestão ambiental,softwares e usinas de beneficiamento de carvão, participando ainda depesquisas não-convencionais. A produção atual de carvãoenergético do Brasil é de cerca de 5 milhões de toneladas/ano e aprimeira etapa do projeto deverá se estender até o próximo ano.