Quilombolas de Marambaia levaram “balde de água gelada”, diz moradora

17/08/2006 - 20h30

Aécio Amado
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A anulação do relatório que delimitava a área de ocupação das 160 famílias remanescentes de quilombolas na Ilha de Marambaia decepcionou a moradora  Vânia Guerra. Presidente da Associação Quilombola da Marambaia (Arquimar), ela conta que luta pela regularização da posse desde 1998. “É um direito constitucional que temos”, ressaltou. “Isso foi um balde de água gelada”, comparou. “Porque tomar banho de água fria a gente já está acostumado, pois não temos luz elétrica”.Vânia Guerra revelou que há duas semanas, representantes da Marinha estiveram na comunidade. Segundo ela, os militares queriam retirar da área quilombola um trecho de 9 quilômetros de praia. A presidente da Arquimar disse que a proposta foi recusada por ser uma área de pesca, de onde a comunidade tira o sustento. “Essa é área de nossa sobrevivência. Que garantiu a nossa sobrevivência há mais de 100 anos. Então nos não estamos entendendo”, disse.O relatório do Incra identificava e delimitava cerca de um terço da ilha - 1,5 mil hectares - como área de convívio da comunidade, que ocupa Marambaia há cerca de 150 anos. O documento foi publicado no Diário Oficial da União do dia 14 de agosto. No dia seguinte, outra portaria do Incra foi publicada anulando a anterior. Segundo nota do Ministério do Desenvolvimento Agrário a portaria foi publicada “indevidamente”. “Ainda não estão concluídas as avaliações por parte do Governo Federal que permitam a solução definitiva da regularização do território desta comunidade quilombola”, afirma a nota.