Democracia no Brasil está em pleno funcionamento, diz professor

17/08/2006 - 0h10

Cristina Indio do BRasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro (Brasil) - O vigor de uma democracia se apresenta quando suas instituições estão em pleno funcionamento. No Brasil, apesar dos diversos casos de envolvimento de parlamentares em desvio de dinheiro público, esse preceito não tem faltado. A conclusão é do coordenador do Programa de Estudos Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Geraldo Tadeu Monteiro.Para o professor, a sociedade brasileira está mais organizada, vigilante e exigente, e o país passa por um novo contesto democrático, com ampla liberdade de imprensa e efetiva participação do Ministério Público. "O que permite que, estes casos, uma vez descobertos, não caiam no esquecimento. É muito importante o papel da imprensa neste momento. Por outro lado, temos um Ministério Público bastante atuante, com independência e que leva adiante as investigações”, disse em entrevista ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.Monteiro destacou que não se pode esquecer o trabalho realizado pela Polícia Federal, que também tem sido "bastante correto", apesar de a oposição dizer que os casos estão sendo descobertos em tempo eleitoral. “Independentemente dessa possível coincidência, o que nós observamos é que as instituições democráticas estão funcionando, e isso é muito importante”. Segundo ele, os parlamentares envolvidos nos escândalos sabem que não vão conseguir “colocar a sujeira para debaixo do tapete”, tanto que pediram renúncias dos mandatos. Monteiro ponderou que muitos dos acusados têm expectativa de voltar à cena política. “Temos exemplos de parlamentares que, tendo renunciado, conseguiram se reeleger, como Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhães", lembrou. "Esses casos são de grandes lideranças políticas regionais, que não têm dificuldade em conseguir um mandato na região deles. Vamos assistir, agora, a um teste, porque vários mensaleiros renunciaram e estão disputando a reeleição. Vamos saber brevemente se essa estratégia foi realmente a melhor para eles, vamos ver como a opinião pública vai reagir".O professor disse, ainda, que muitos parlamentares ainda se reelegem em currais eleitorais. “Severino Cavalcanti [ex-presidente da Câmara dos Deputados] que renunciou, tem uma votação expressiva no interior de Pernambuco e provavelmente é isso que vai garantir a volta dele à Câmara. Acredito que, nas regiões mais afastadas no interior, seja possível a eles garantir as eleições”.Na avaliação de Monteiro, nas regiões metropolitanas (como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre), onde a população tem mais aceso à informação, esses parlamentares teriam muita dificuldade em conseguir um novo mandato. “É de se lembrar, inclusive, que os chamados anões do orçamento, que em 1993 também renunciaram e alguns foram cassados, também nunca mais voltaram. Minha expectativa é que a grande maioria também não consiga voltar à vida pública”.