Libaneses criados no Brasil agora enfrentam dilema do retorno ao país

15/08/2006 - 6h04

Juliana Cézar Nunes
Enviada especial
Adana ((Turquia)) - Parte dos 260 brasileiros que retornam hoje (15) ao Brasil apósfugir da violência no Líbanos são libaneses naturalizados brasileiros.Eles fazem parte de uma geração que nas últimas duas décadas fez omovimento contrário ao dos país. Foi criada no Brasil e, depois deadultos ou até aposentados, resolveu morar ou visitar o Líbano comfreqüência.Os primeiros registros de migração libanesa em massa para oBrasil remontam ao período de dominação do Império Otamano, que sódeixou a bem irrigada região após a Primeira Guerra Mundial. A partirda década de 70, conflitos com Israel e Síria fizeram com que mais umaleva de libaneses cruzassem o Atlântico.  O comercianteIsmael Abas, 60 anos, faz parte desse grupo. Foi ainda jovem com ospais para o Brasil. Viveu em São Paulo por 35 anos. Há sete, voltou aoLíbano para trabalhar e proporcionar uma educação diferenciada aosfilhos, mais próxyma da cultura árabe.  “Agora,infelizmente, vou voltar ao Brasil. É um país maravilhoso. Mas que eunão queria voltar desse jeito”, afirma Abas, que ainda no início doconflito enviou os filhos para o Brasil pela Romênia. “Vimos muitobombardeio. Fiquei abalado. Os brasileiros nunca viram isso. Umadesgraça na vida de um povo.” O aposentado Abdullah Fares,61 anos, estava passando uma temporada no Líbano quando os bombardeioscomeçaram. Desde 1971, ele vive no Brasil.  “Cheguei com25 anos, mas sempre voltava para o Líbano para passear. E agora, queestou aposentado, pensava em ficar mais tempo até acontecer tudo”,lembra Fares, emocionado. “Acabei vendo foguete caindo, pessoasmorrendo. Fico triste de ir embora assim. A gente sente dor muitoforte, muito.”