CPI dos Sanguessugas iniciará nova fase de análise de documentos

15/08/2006 - 20h39

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas vai analisar nos próximos 15 dias toda a documentação em seu poder, com enfoque nas prefeituras e nos ministérios da Saúde, Ciência e Tecnolgia, e Educação. A primeira fase dos trabalhos da comissão foi voltada para as investigações sobre o possível envolvimento dos parlamentares na compra superfaturada de ambulâncias com recursos públicos. "Vamos rever todas as informações agora, não direcionando os trabalho para os parlamentares, mas para os ministérios e as prefeituras", disse o presidente da Comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).Após participar de reunião com sub-relatores e técnicos, Biscaia informou que nas próximas duas semanas eles farão um "pente fino" em toda a documentação, para verificar "fundamentalmente" a estrutura que envolvia a liberação de recursos pelo poder Executivo, chegando até as prefeituras. "Pode ser até que surja outro nome de parlamentar envolvido no esquema", adiantou.Amanhã (16), Biscaia levará ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, uma cópia do relatório parcial da Comissão, aprovado na semana passada. Ele disse que pretende conversar sobre as investigações em relação às prefeituras, no âmbito da Procuradoria: "Vou saber do procurador como estão essas investigações e qual o compartilhamento de informações que pode haver entre a CPMI e o Ministério Público, quanto aos municípios". Na tarde desta terça-feira, os técnicos da Comissão apresentaram a Biscaia e a alguns sub-relatores um mapeamento sobre o caminho das emendas individuais dos parlamentares ao Orçamento, da apresentação ao destino final, na compra de ambulâncias. Segundo o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), sub-relator para o Executivo, não foram incluídas no mapeamento as emendas de bancada, por terem numeração diferente, "mas elas também serão investigadas".Redecker informou que será quase impossível para a Comissão analisar os 161 mil convênios realizados entre janeiro de 2000 e junho de 2006. E que será pedida ajuda aos tribunais de Contas dos estados. "Ao analisarmos esses convênios, não estaremos fazendo pré-julgamentos de nenhum dos municípios indicados no documento", ressalvou. O sub-relator disse ainda que pretende se reunir com o juiz Jefferson Schinider, de Cuiabá, e buscar outras informações com a família Vedoin, dona da empresa Planam, acusada de comandar o esquema de fraude na compra das ambulâncias.O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator de Sistematização da Comissão, também participou da reunião para definir e delimitar o campo de atuação das investigações nesta segunda fase. Ele disse que o mapa apresentado hoje pelos técnicos mostra o itinerário da corrupção: "Sabemos quais vias o esquema percorreu. E isso nos dá informações sobre onde os mecanismos de controle falharam".