Rotina dos Kayapó inclui treinamento de guerreiro, caça, festas e futebol

06/08/2006 - 18h33

Pedro Biondi
Enviado especial
Terra Indígena Kayapó (Pará) - Só depois de intermediar a entrevista com os dois caciques da Aldeia Kikretum sobre as invasões na terra indígena, o índio Kukôy Nokaton Kayapó aceita falar um pouco sobre o cotidiano da comunidade e autoriza a conversa com um jovem guerreiro. Kukôy Nokaton deixa sua postura de porta-voz e conta como é a rotina de caça e festas, além do pouco contato dos índios com a cidade. Os caciques são os que prioritariamente vão aos centros urbanos, para resolver assuntos específicos – não a passeio – diz.Próximo ao círculo da conversa, o jovem guerreiro Bepkrit Kayapó, 22 anos, lista as atividades de um jovem da aldeia: preparar-se para dançar nas festas tradicionais, proteger a área, buscar alimento no mato. “Nossos avós ensinam a nossa história desde quando a gente dorme no colo. E a gente já ensina as coisas para os mais novos”, diz. O que ele gostaria de ser? “O guerreiro mais poderoso que tem, e defender o nosso povo”, responde.O modo de vida tradicional também convive com a televisão, revela Bepkrit. “Os habitantes da aldeia gostam de assistir a telejornais e novela, tanto os homens como as mulheres", diz. E futebol. Entre as casas com paredes de diferentes materiais (pau-a-pique, alvenaria, telhas de amianto e tábuas) – todas, porém, com telhado de palha de buriti –, estão dois campos de terra para praticar o esporte em que o Brasil é conhecido no mundo inteiro.