Milena Assis
Da Agência Brasil
Brasília - O Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou hoje (16) a cartilha Conhecendo o PAN-Brasil: Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. A cartilha, que mostra os avanços e desafios para preservação do meio ambiente no país, marca a passagem do Dia Mundial de Combate à Desertificação, amanhã (17).
Por causa da utilização dos recursos naturais de forma errada e das mudanças climáticas, algumas regiões brasileiras já apresentam áreas desérticas. Os nove estados do Nordeste, o norte de Minas Gerais e uma parte de Espírito Santo são as áreas que mais necessitam de cuidados, devido à forte destruição ambiental.
O Brasil tem as áreas suscetíveis à desertificação mais densamente povoadas do mundo. Aproximadamente 20% do total da população brasileira está em área correspondente a 15,7% do território nacional, englobando 32 milhões de pessoas.
De acordo com o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone, desde 2003, trabalha-se para combater a degradação e conscientizar a população sobre os riscos do desmatamento ambiental e do mau uso do solo, que são as principais causas do processo de desertificação.
Ele deu como exemplo a Caatinga, vegetação nativa que usada como lenha. "Por isso, temos de buscar alternativas energéticas para que as populações de baixa renda não usem a madeira de mata nativa como lenha", disse Langone.
Segundo ele, a idéia é executar programas de geração de renda, buscar alternativas em cada estado para diminuir o uso de lenha pela população. "Temos experiências de fogões que usam energia solar e projetos-piloto em regiões desertificadas que poderiam funcionar ali, na medida em que tivéssemos programas de geração de renda que permitissem o acesso a essas novas tecnologias."
Para o secretário de Recursos Hídricos do MMA, João Bosco Senra, o principal desafio é unir o crescimento econômico e o combate à pobreza ao desenvolvimento sustentável. Senra disse que as regiões mais suscetíveis à desertificações são aquelas em que vivem populações de baixa renda. Ele informou que o MMA trabalha em um processo de capacitação, reorientação e manejo adequado do solo e água e em programas de melhoria de renda.
"Muitas vezes, o desmatamento é a alternativa de renda de muitas pessoas. Se forem criadas outras alternativas para geração de energia nessa comunidade, como o biocombustível, vai-se evitar que ela desmate e use a madeira como fonte de produção de renda", explicou.
O secretário defendeu a união de estados e municípios, bem como dos moradores das comunidades afetadas pelo problema para que seja implementado o Plano Nacional de Combate à Desertificação. "A cartilha serve justamente para que crianças, adolescentes, jovens e adultos se eduquem e entendam o problema na própria região e as formas de minimizá-lo".
Mais de 3.500 cartilhas deverão ser distribuídas em escolas, universidades e comunidades das regiões mais afetadas pela desertificação. O MMA também também lançou uma série de selos e carimbos para comemorar o Dia Mundial de Combate à Desertificação.
Por causa do grande número de áreas degradadas no mundo, a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação proclamou 2006 como Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação e o dia 17 de junho como Dia Mundial de Combate à Desertificação.