Deputado pede que OAB investigue advogados que trabalhariam para o PCC

06/06/2006 - 15h44

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) apresentou hoje (6) à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) uma lista com o nome de 34 advogados que trabalhariam para integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O parlamentar, que pediu à OAB a abertura de sindicância para investigar os nomes, disse que a relação foi entregue pela Polícia Civil de São Paulo.

O documento mostra uma tabela com o número de registro do advogado na OAB, a data, o horário e a unidade prisional por ele visitada. A lista mostra, ainda, o nome do preso visitado e o apelido usado dentro do PCC.

"Eu pedi à Ordem que abrisse uma sindicância para investigar esses 34 advogados que funcionam como braço jurídico do crime. O PCC hoje tem um exército jurídico que serve a ele e é formado, só no estado de São Paulo, por 34 advogados", disse Jungmann.

Ele citou o exemplo de uma advogada que aparece na lista de visitas recebidas por presos integrantes do PCC e que, apenas em 2003, esteve 106 vezes com líderes da facção criminosa. "A pergunta é: essa advogada é parte da quadrilha ou continua exercendo as suas funções de advogada? O advogado que se mantém por um longo período trabalhando para uma organização criminosa, a tendência é que ele seja capturado por essa organização", afirmou o deputado.

Jungmann esteve hoje na sede da Ordem dos Advogados do Brasil junto com outros integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas para discutir a situação dos advogados na defesa de criminosos. Ele disse que o principal problema hoje não é o telefone celular dentro de presídios e, sim, o "pombo-correio que é feito por um número grande de advogados".

"Como evitar que o advogado, fazendo uma prestação continuada de serviço, venha a ser, em algum momento, capturado pela organização criminosa? É por isso que estamos pedindo ajuda à OAB e estamos comunicando a toda a sociedade, porque o crime organizado, quando chega na dimensão do PCC, não sobrevive sem um apoio jurídico legal, e nunca o apoio jurídico legal se esgota aí. Ele também passa a exercer um papel de militante, de integrante da quadrilha criminosa", explicou.