Benefícios do Bolsa Família são maiores no Centro-Oeste, no Norte e no Nordeste

06/06/2006 - 17h47

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Pesquisa sobre segurança alimentar das pessoas atendidas pelo Bolsa Família, divulgada hoje (6) pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), revela que o impacto do benefício na alimentação das famílias tem sido maior no Centro-Oeste, no Norte e no Nordeste. Um dos indicadores é o aumento do consumo de alimentos após o ingresso no programa.

O Centro-Oeste foi a região em que essa mudança mais ocorreu: 67,5% dos entrevistados disseram ter passado a comprar mais comida, seguida do Norte (64,3%) e Nordeste (58,9%). "Numa região menos desenvolvida economicamente, vamos observar um impacto muito maior desse valor repassado", avaliou o secretário de Avaliação e Gestão da Informação do MDS, Rômulo Paes. No Sul, a mesma resposta foi dada por 56,5% das famílias e, no Sudeste, 48,8%.

"Estamos repassando em média R$ 64 para as famílias. E obviamente há uma diferença no preço de alimentos e demais itens ao longo do país", disse. Já a secretária de Renda de Cidadania do MDS, Rosani Cunha, disse que por causa das diferenças regionais no custo de vida o ministério estuda a possibilidade de criar valores distintos para o benefício. Essa mudança poderia levar em consideração também se a concessão do benefício seria para área urbana ou rural.

Apesar de admitir a possibilidade, a secretária destacou que a alteração não seria adotada em curto prazo por considerar que há vantagens no sistema atual. "Como temos um valor único isso significa que nas regiões mais pobres do país, nas regiões que têm extrema pobreza esse dinheiro faz diferença não só para as famílias, mas também para aquela comunidade", explicou.

De acordo com a secretária, o valor único para todo o país tem incentivado o desenvolvimento local. "As próprias associações de comércio varejista mostram que o varejo na região nordeste brasileira cresceu muito mais do que na região sul e sudeste e debitam isso ao Bolsa Família", afirmou.

Além do aumento na quantidade de alimentos consumidos, o estudo aponta que os beneficiários do Bolsa Família também sentiram melhora na qualidade da alimentação. Todas as 3 mil famílias ouvidas afirmaram ter aumentado a variedade dos alimentos consumidos, sendo que 73% delas disseram que "melhorou" e 27% que "melhorou muito". Nessas famílias, mais de 80% das pessoas fazem de três a quatro refeições diárias. Entre os adultos, 55,3% comem três vezes por dia e 26,3%, quatro. Já entre as crianças, 39,7% se alimentam três vezes ao dia e 42,8%, quatro vezes.

Foram ouvidas 3 mil famílias beneficiadas pelo programa há pelo menos um ano, nos 26 estados e no Distrito Federal. O levantamento foi realizado do dia 1º ao dia 18 de março pelo Núcleo de Pesquisas e Informações da Universidade Federal Fluminense (DataUFF), com assessoria de especialistas em nutrição da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Dos entrevistados, 34,1% recebem até R$ 45 de benefício, 43,8%, de R$ 45 a R$ 80 e 22,1%, mais de R$ 80.