Leitura do relatório final da CPI dos Correios está prevista para amanhã

27/03/2006 - 11h34

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Depois de quase dez meses de trabalho, está prevista para amanhã (28) a apresentação do relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios. O relatório final poderá pedir o indiciamento de mais de cem pessoas envolvidas em denúncias de corrupção.

A apresentação foi adiada em uma semana para que o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e os relatores-adjuntos da comissão, deputados Eduardo Paes (PSDB-RJ) e Maurício Rands (PT-PE), avaliassem todo o material.

O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral, acredita que após apresentação do relatório, os parlamentares farão um pedido de vistas coletivo para analisar o documento e na outra semana estarão prontos para votá-lo.

Na última sexta-feira, Amaral pediu em plenário empenho na votação do documento e lembrou de outra CPI, a do Banestado, que terminou sem votação de relatório. O senador não quer que isso ocorra com a dos Correios.

"Nós precisamos apresentar o relatório técnico sem adjetivação, encaminhar esse relatório a quem de direito: ao Ministério Público, à Polícia Federal, e eventualmente às mesas da Câmara e do Senado", ressaltou. O prazo de encerramento da comissão é 15 de abril.

A CPI foi criada no dia 25 de maio para investigar as causas e conseqüências de denúncias de "atos delituosos" praticados por agentes públicos nos Correios. A origem foi a divulgação de um vídeo no qual o ex-funcionário da estatal Maurício Marinho aparece recebendo R$ 3 mil de propina de supostos empresários, com o objetivo de favorecê-los. No vídeo, Marinho detalha um esquema de corrupção que seria comandado pelo PTB e seu presidente da ocasião, Roberto Jefferson, então deputado pelo Rio de Janeiro.

Os trabalhos, porém, foram além dos Correios. O deputado Roberto Jefferson, envolvido nas denúncias, se defendeu atacando o governo e, em 6 de junho, falou sobre a existência de um esquema de pagamento de mesadas a parlamentares da base aliada em troca de apoio ao governo, o chamado "mensalão". E mencionou o nome de um empresário, Marcos Valério de Souza, que seria o responsável por operar o esquema junto com o ex-secretário de finanças do PT, Delúbio Soares.

Então, a CPI mista que começou investigando os Correios, abriu novas frentes de apuração. O documento tem mais de três mil páginas e traz informações sobre as diversas linhas de investigação abertas pela comissão.

São cinco sub-relatorias: de Fundos de Pensão, a cargo do deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA); do Instituto de Resseguros do Brasil, do deputado Carlos William (PTC-MG); de Movimentação Financeira, do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR); de Contratos, do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) e de Normas de Combate à Corrupção, do deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS). Esta última é responsável por oferecer sugestões para o aperfeiçoamento do sistema eleitoral e do processo de licitações públicas.