Artistas protestam hoje no Rio contra falta de renovação na Ordem dos Músicos

27/03/2006 - 18h13

Rio, 27/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - Cerca de 35 músicos deverão participar hoje (27) de um show como forma de protesto contra a Ordem dos Músicos do Brasil (OMB). Entre os artistas que são esperados no palco montado nos Arcos da Lapa, no centro da cidade, estão Roberto Frejat, Wagner Tiso e Paulinho Tapajós. De acordo com João Bani, um dos coordenadores da manifestação, os artistas pretendem chamar atenção contra a falta de renovação na Ordem dos Músicos.

Segundo Bani, a Ordem dos Músicos tem o mesmo presidente há mais de 40 anos. "A atual direção de Wilson Sândoli é a mesma que tomou posse em 1964, durante a ditadura militar. Além disso. mantém regras de avaliação que já estão ultrapassadas. Parece que parou no tempo, e na pior parte, a da linha dura. Tanto é que até hoje continua entrando nos bares e retirando músicos sem registro", afirmou Bani.

Outra demonstração dessa arbitrariedade seria a cassação de registro do músico Eduardo Camenietzki, no ano passado. Camenietzki disse foi expulso por causa das denúncias que fez de irregularidades administrativas na Ordem. "Ao invés de me cobrarem que provasse as denúncias na Justiça, abriram um processo de ética profissional, para que eu não pudesse me defender", afirmou.

De acordo com Camenietzki, o sistema da OMB praticamente impossibilita a renovação do presidente, que é eleito de forma indireta pelos conselheiros. Ele explicou que os conselhos estaduais são formados por 21 representantes e todo ano ele é renovado em um terço. "Quer dizer, para mudar a diretoria num estado teríamos de ganhar as eleições como uma chapa de oposição por dois anos, formando uma maioria de dois terços", disse. "E para mudarmos o presidente, as chapas de oposição teriam de ganhar por dois anos consecutivos em vários estados".

Já o presidente regional do Rio, João Batista Vianna, que ocupa o cargo desde 1982, considerou as reivindicações absurdas. "Não há renovação por falta de interesse deles. Todo ano nós lançamos edital e não aparecem chapas", afirmou. Para Viana, a ausência de novos candidatos também estaria associada à inadimplência dos artistas. "Nós temos 50 mil músicos na ordem, mas quase 90% deles estão inadimplentes. Ou seja, não podem votar, nem serem votados".